15.11.10

TEDxAmazônia: revolução interna - e externa!

PRECISO dizer que participar do TEDxAmazônia foi uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida. E olha que já subi em sequoia (lembra de uma capa da National Geographic com um monte de pontinhos - gente - numa sequoia, de tão alta que ela era? Pois é, já fiz isso), andei à noite por mais de 1 km na Amazônia, nadei nos grandes rios Negro, Tapajós, Amazonas e Xingu (fora os pequenos), já participei de rituais com indígenas americanos, já ouvi felino na mata e ainda assim me mantive em pé, já estudei como fazer fogo, já viajei um tanto, já conheci tanta gente especial nesta Terra, enfim...



Enfim. No meio de tantas coisas legais que eu já fiz na janela de 31 invernos, nunca que eu ia imaginar que dois dias em um evento no meio da selva que eu AMO me causaria tamanho impacto interior.
Evento horizontal, assuntos transversais, palestrantes viraram amigos além de doces lembranças, público-amado (e não alvo!) que encontrei sem obra nenhuma do acaso e que hoje me inspira ainda mais a caminhada.
Nunca me vi rodeada de tanta gente interessante ao mesmo tempo, umas 500, sem exageros.
Eu sentava em várias mesas por dia, durante café da manhã, lanche, almoço, jantar e inclusive durante as baladinhas de sexta e sábado à noite, colava em gente com a pergunta direta "o que vc faz?!" partindo do princípio que, se a pessoa estava ali, algo de muito especial ela tinha. Fazia isso direto, ávida por ouvir histórias e ouvi, incríveis. Topei com muitos exemplos de vida: a linda que procura um caminho mais ambiental e social depois de anos de europa, o cara que já ajudou a construir casas em Cuba depois de peregrinar pelas partes mais pobres da Índia e pelo Nepal, a jornalista que vai viajar sem gastar dinheiro por 12 países pesquisando qualidade de vida urbana, o cara que trabalha com arte, a mulher que faz partos, o cientista espiritualizado, o biólogo que estuda gente, o jovem que me fez enxergar de uma vez por todas a beleza e a força da juventude, a colega querida das meditações vipassana, o choro de muitos, o abraço de muitos, o sorriso de muitos.
Saí de lá amiga de pessoas conhecidas no que fazem, há anos muito respeitadas, todas me tratando na horizontalidade, na verdade, na amizade - no TEDx não existe essa de ego, de sou melhor do que você. NÃO...todos juntos podemos muito, vamos compartilhar, vamos melhorar o mundo, vamos acreditar! Me dá a sua mão, acredita em mim, olha nos meus olhos, vamos fazer melhor, vamos dar nossa alegria e nossa fé, vamos cuidar...como disse o Bernardo Toro, cuidar de si mesmo, dos outros e do planeta.
Senti isso em cada abraço, em cada olhar, tudo muito genuíno e inspirador.
Saí de lá com uns 50 contatos de pessoas muito, mas muito especiais e interessantes, entre público e palestrantes, pessoas que não quero nunca mais que saiam das minhas vistas-coração.
Encontrei mais uma tribo. Mais uma. Que bom!
Então, pra finalizar, indico a todos: TEDx.
Tem muitos acontecendo Brasil afora, aproveite a oportunidade...pode revolucionar a sua vida.
Passada 1 semana, ainda estava com um pé e meio lá...agora entendi porque ainda não havia voltado: eu precisava dividir isso com você.
NamasTED!!!
Save the planet!

ps. pra saber mais: 
www.ted.com/tedx
www.tedxamazonia.com 

4.11.10

seca na amazônia: tá feia a coisa. literalmente.





Escrevi uma matéria sobre o que vi no rio Negro, há umas 2 semanas (Lixo e lama no lugar do Rio Negro, para o site O Eco - acompanhada de muitas fotos chocantes).
A seca deixa à mostra toneladas de lixo que as pessoas jogam nas lindas águas antes cor de chá mate, agora cor de lama. Vergonhoso ver que falta tanta educação assim, e justamente de pessoas que dependem do rio para comer, nadar, se locomover. Ei, não pensam que sem o rio estariam danados não?
Amo a Amazônia, amo os amazônidas, existem casos e casos, mas preciso confessar que nunca, em nenhum lugar do mundo por onde passei, vi tamanha naturalidade no convívio com a sujeira. Hellooooo, o estado natural e saudável do ser humano não é no meio do lixo, minha gente. Vamos parar de achar isso normal! Vamos parar de achar ok jogar lixo no rio, na rua, no chão da própria casa.
Que tal parar pra pensar sobre isso, hein?!
Já dizia o Cacique Seatle, há mais de 1 século atrás: "o que quer que o homem faça à Terra, a si próprio estará fazendo". Fico agoniada me perguntando, dia após dia, quando é que vai cair a ficha da humanidade.
*
Um adendo a este mesmo assunto, trecho de artigo de Victor Leonardi, no Estado de S. Paulo em 31 de outubro. 
Seca na Terra das Águas 
"Fico preocupado quando recebo notícias a respeito da seca que hoje atinge a região: rios estão quase secos, comunidades ribeirinhas estão isoladas, milhares de barcos encalharam, peixes estão morrendo, as pessoas estão sem comida e a água de muitos rios e igarapés tornou-se imprópria para o consumo. O nível do Rio Negro, em Manaus, monitorado desde 1902, é o menor já registrado. Costumo chamar a Amazônia de Terra das Águas. Quando, na Terra das Águas, começa a faltar água, algo grave deve estar ocorrendo no meio ambiente. Não é possível que o desmatamento não tenha nada a ver com essa mudança climática".


Save the rivers of the planet!
Save the planet!

17.10.10

marina: uma sábia e urgente visão de mundo

Trecho da resposta de Marina Silva à neutralidade de seu apoio a qualquer dos candidatos no sgundo turno. Sua carta traduz a sabedoria de uma nova e urgente visão de mundo.


"Não há mais como se esconder, fechar os olhos ou dar respostas
tímidas, insuficientes ou isoladas às crises que convergem para a
necessidade de adaptar o mundo à realidade inexorável ditada pelas
mudanças climáticas. Não estamos apenas diante de fenômenos da
natureza.
O mega fenômeno com o qual temos que lidar é o do encontro da
humanidade com os limites de seus modelos de vida e com o grande
desafio de mudar. De recriar sua presença no planeta não só por
meio de novas tecnologias e medidas operacionais de sobrevivência,
mas por um salto civilizatório, de valores.
Não se trata apenas de ter políticas ambientais corretas ou a
incentivar os cidadãos a reverem seus hábitos de consumo. É
necessária nova mentalidade, novo conceito de desenvolvimento,
parâmetros de qualidade de vida com critérios mais complexos do
que apenas o acesso crescente a bens materiais.
O novo milênio que se inicia exige mais solidariedade, justiça dentro
de cada sociedade e entre os países, menos desperdício e menos
egoísmo. Exige novas formas de explorar os recursos naturais, sem
esgotá-los ou poluí-los. Exige revisão de padrões de produção e um
fortíssimo investimento em tecnologia, ciência e educação.
É esse, em síntese, o sentido do que chamamos de Desenvolvimento
Sustentável e que muitos, por desconhecimento ou má-fé, insistem
em classificar como mera tentativa de agregar mais alguns cuidados
ambientais ao mesmo paradigma vigente, predador de gente e
natureza.
É esse mesmo Desenvolvimento Sustentável que não existirá se não
estiver na cabeça e no coração dos dirigentes políticos, para que
possa se expressar no eixo constitutivo da força vital de governo.
Que para ganhar corpo e escala precisa estar entranhado em
coragem e determinação de estadista. Que será apenas discurso
contraditório se reduzido a ações fragmentadas logo anuladas por
outras insustentáveis, emanadas do mesmo governo".


Saiba mais
Carta na íntegra


Save the planet!

30.9.10

uma homenagem ao lula, em véspera de eleição


Criatividade nota 10 para o jornal Extra
Olhando de um lado: “LULA É BONITO” - “Essa é a manchete para quem acha que o papel da imprensa é bajular os donos do poder e, por isso, deve publicar apenas notícias positivas do governo. Denúncias de falcatruas são um abuso, uma forma de conspiração”.
Virando o jornal ao contrário, a segunda manchete diz: “BONITO, HEIN, LULA…” - “Essa é a manchete para os que acham que o dever da imprensa é fiscalizar os atos de qualquer governo, denunciando os desvios e lembrando aos donos do poder que eles não estão acima do bem e do mal”.



*



Lula anda cada vez mais com pinta de ditador. Não apenas porque quer enfiar goela abaixo seus planos destruidores e megalômanos sobre muitos povos deste país (vide o quanto tem se empenhado, sob "rios" de irregularidades, na construção da assassina usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará). Aliás, acabei de publicar uma matéria no site O Eco Amazônia sobre as consequências de tantas hidrelétricas na Amazônia e porque o governo tem insistido tanto nisso.

Como se não bastasse suas arbitrariedades na área ambiental (mais uma vez, vide Belo Monte), ele ainda ataca a imprensa quando nós, jornalistas, denunciamos as falcatruas de seu governo autoritário e sem limites. Ao chegar ao poder, o PT ficou completamente cego, vislumbrado, iludido, vaidoso - assim como este presidente que, torço, seja rapidamente substituído por alguém que mereça assumir um cargo desta relevância, alguém que respeite a Amazônia, as pessoas desta floresta, os cidadãos deste país, que fuja por nobreza de caráter de esquemas ilícitos como o que derrubou sua ex-queridinha Erenice Guerra, ex-Casa Civil.

Precisamos de um presidente que respeite as pessoas, o meio ambiente, a imprensa e a liberdade de expressão. Brasil com suas florestas preservadas pode ganhar o respeito do mundo e um obrigada agradecido das futuras gerações. Imprensa livre é garantia de democracia.

Palmas para todos os jornais e jornalistas deste país que não se calaram ou se intimidaram diante das investidas totalmente mal educadas e autoritárias de Lula de "calar" e desrespeitar a imprensa.

Leia alguns destes textos aqui e pense bem, mas pense bem mesmo, em quem você vai votar para presidente. Quer um conselho? Fuja do PT. Porque se a Dilma ganhar, quem vai governar por baixo do pano será ele, ele mesmo, que já chegou inclusive a insinuar isso. Um verdadeiro sinal de perigo para o verde da nossa terra e para a democracia.


Estadão - o mal a evitar
Extra - Lula, por que não te calas?
Veja - a imprensa ideal dos petistas
Folha - todo poder tem limite


Save the planet!

16.9.10

Recado para o Lula, do povo de Altamira: "tire suas mãos criminosas do Xingu"

Andei sumida, eu sei. Desculpe. Péssimo.
Mas tenho aqui algumas considerações a fazer. 
Andei escrevendo bastante e vou passar para você o que fiz para o site O Eco Amazônia. Aliás este é um site que merece nosso tempo, pois ele fala sobre o que está acontecendo na Amazônia brasileira e também nos outros oito países para onde a floresta se estende. 
Vou colocar os links das minhas reportagens no final deste post.
Além disso, gostaria de compartilhar que tenho ficado assustada com as barbaridades deste governo em sua pressa para iniciar as obras da hidrelétrica de Belo Monte antes de outubro, provavelmente para eleger Dilma e beneficiar empreiteiras. Esta usina vai produzir 40% da energia prometida a maior parte do ano (e portanto é ineficiente do ponto de vista energético), prejudicar milhares de pessoas e causar danos seríssimos ao meio ambiente, caso saia mesmo do papel. 
Te aconselho a participar da petição contra Belo Monte, vamos ajudar a barrar esse absurdo. Para participar, clique aqui.
Claro, veja também os vídeos, em português, sobre os impactos desta obra. Foi feito com ótimas tecnologias, via Google Earth, pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre, com apoio das organizações Amazon Watch e International Rivers. Para ver clique aqui. 
Dá pra visualizar bem e entender perfeitamente o que pode acontecer com a Amazônia e com as pessoas que vivem nela caso, caso, o Lula consiga o feito que quer. 


My reports:
Plantações de dendê na Amazônia 


Mineração x proteção da biodiversidade


Moratória da soja é renovada


Programa Terra Legal gera polêmicas...e, dizem, grilagem


Amazônia também pode ser dona do maior aquífero do mundo

Save the xingu! 
Save the planet!

20.7.10

xamanismo e a sabedoria nativa americana


Nesta foto, ele segura o Cachimbo Sagrado. Está em prece. A cabeça do búfalo, no chão, indica que ele pode estar voltado para o norte, região guiada pela energia deste animal

Nessa nossa vida corrida, muitas vezes não temos tempo pra nada. Neste contexto (e também fora dele), o xamanismo nos leva ao retorno à raiz de nossas raízes. Xamanismo é integração.

O que significa isso?
Vou te fazer algumas perguntas:
Você alguma vez já reparou ou costuma reparar de onde vem a brisa do ar e qual é a temperatura dela quando chega até você?

O que o mar representa para você? Que sensações te traz?

Você já parou para refletir sobre a energia própria de cada animal? Não me refiro apenas a gatos e cachorros de estimação que, aliás, nos ensinam um bocado neste sentido, mas a TODOS os animais que cruzam o seu caminho, ou os seus sonhos...

Já se conectou à energia da cachoeira enquanto aquele jato d’água caía sobre a sua cabeça?

Já reparou que a luz do sol tocando nossa pele é muito mais do que apenas o contato físico? Falando nisso, quantas vezes nos damos conta do toque da luz solar em nosso corpo? E o que sentimos quando ela nos toca? Será que é paz? Será que é alegria? Ou será que é só calor?

E o inverno...ah, o inverno. A sabedoria dos índios norte americanos me ensinou que inverno, essa estação do ano tão mal falada por muitos de nós é, na verdade, a natureza agindo para nos incentivar à prática da introspecção. Ou você nunca reparou que, no inverno, tudo fica mais quieto e que nós mesmos nos tornamos mais introspectivos? Por que será que a natureza nos faz passar por isso, todos os anos?

Xamanismo é enxergar a vida além das aparências e com enormes lentes de aumento
Povos nativos americanos
Eles viviam o xamanismo, ou seja, estavam sempre integrados além da matéria com a natureza que os cercava e nos deixaram um legado incrível de tradições e costumes que, ao sobreviverem ao massacre de praticamente todo um povo nos possibilitam, hoje, a melhoria de nossa visão de mundo e de nossas atitudes. Vou dar alguns exemplos:

Na Cerimônia da Doação, nos ensinam que devemos doar nossos melhores objetos (e não os piores) porque, se é bom pra mim, também será bom para o outro. Olha o exemplo do desapego! O olhar em prece para o oeste, região com a energia do urso, nos ensina a importância do silêncio, pois a exemplo da hibernação deste animal, nós também precisamos hibernar em meditação no mais profundo de nós mesmos para encontrarmos as respostas que buscamos. O Cachimbo Sagrado era pitado apenas após uma oração a Wakan Tanka (Grande Mistério, Deus) e depois de uma oferenda: parte do tabaco que seria pitado era antes devolvido à terra, uma atitude simbólica de agradecimento àquela que possibilitou a existência do tabaco.

Já vivenciei alguns rituais do tipo. Minha primeira Tenda do Suor aconteceu em São Paulo, há cinco anos. Tive, também, a chance de participar deste ritual no meio dos próprios nativos americanos e de seus descendentes, quando estive nos Estados Unidos em 2008. Antes de entrar na Tenda, eu caminhei em silêncio em volta dela, partindo do leste – onde o sol nasce, a vida começa. O sul representa a adolescência. Depois caminhei pelo oeste, que é a região-símbolo dos grandes desafios da vida à nossa maturidade. Cheguei ao norte, região que representa a sabedoria dos mais velhos, consequência de uma vida bem aproveitada de leste a norte. O sentido é este: leste-sul-oeste-norte porque segue o fluxo da energia do universo, que se move da esquerda para a direita.

De volta ao leste e findo o ciclo, finalmente entrei na tenda. Dentro dela nossos pés ficam descalços. Um buraco no centro abriga pedras antes ardendo na fogueira do lado de fora. Ao serem banhadas com chás de ervas medicinais, sobe o vapor. A tenda vai ficando cada vez mais quente, enquanto participantes cantam canções sagradas. Aguentar o calor é devolver à terra um símbolo de gratidão pela bênção da vida que ganhamos, a cada dia, deste planeta. A energia dentro da tenda é tão forte que não vemos o tempo passar. Não sei quanto tempo fiquei naquele calor. Este ritual é para doar gratidão e amor à terra e aos que compartilham a tenda conosco. Doei, mas recebi muito mais. Difícil colocar em palavras.
*
Estes rituais têm sido retomados em inúmeros centros de xamanismo Brasil afora. Alguns com uso de ayahuasca, para aumentar a percepção.

Depois de participar de rituais xamânicos no Brasil e no exterior, a vida me brindou com alguns desafios, propondo-me à prática ainda mais profunda do que é o xamanismo.
Poucos dias antes do ano novo de 2009, dentro da floresta amazônica e em companhia de um amigo, eu caminhava por uma trilha munida com minha lanterna. No entanto, eu via o céu mais claro do que as copas das árvores. Um certo instinto, aquele que habita o mais profundo de nossos seres e que é a própria intuição, imediatamente se interpôs entre mim e a luz artificial.

Brotou a certeza de que, caminhando à noite pela mata amazônica, nada de errado me aconteceria pelo simples fato de eu considerar aquele lugar sagrado e reverenciá-lo. Por ter pedido licença para estar ali. Por ter sido avisada, pelos próprios espíritos da floresta através da voz do meu coração, que não haveria o que temer. A certeza tomou conta de mim ao ponto de eu simplesmente decidir caminhar no escuro, fato comemorado por este amigo, um dos seres mais integrados com a natureza que já conheci.

De repente eu sabia onde pisar. Meus pés sabiam onde não haveria aranha, nem cobra. Meu corpo sabia como se movimentar. Sabia onde tocar. Meus ouvidos aguçaram-se e passei a ver com o tímpano. Naquele momento, eu sabia caminhar sem fazer barulho. Em silêncio, prosseguimos por mais de 1 quilômetro.

Senti-me protegida pela floresta. Sobrevivi muito bem.
*
Sobre o que falei a respeito dos animais, logo no começo do texto: repare bem nos animais que você mais gosta, quais aparecem em seus sonhos, quais chamam sua atenção, leia a respeito (dê um google em "animais de poder") e você saberá que são seus guias de cura. Todos nós temos a energia de pelo menos 7 animais que nos acompanham por toda a vida. Acredite se quiser. :)
*
A conexão com a terra é necessária. Precisamos nos voltar mais para a natureza e para seus ensinamentos que vão além das palavras e da razão e que só podem ser aprendidos através da porta da intuição.

Clarissa Pinkola Estés, autora de Mulheres que Correm com os Lobos, escreveu o seguinte sobre si mesma: “Tive a sorte de crescer na natureza. Lá, os raios me falavam da morte repentina e da evanescência da vida. Tive aulas sobre a sagrada arte da autodecoração com borboletas pousadas no alto da minha cabeça. As lagartas cabeludas que caíam de seus galhos e voltavam a subir, arrastando-se, me ensinaram a determinação”. Isso é xamanismo na prática.

Agora que tal passar um sábado no campo, na praia, perto daquela árvore que você curte tanto? Essa é a primeira lição importante. Não se esqueça de manter o silêncio. Esta é a melhor maneira de integrar-se com a natureza em seu sentido mais profundo. Sinta-a, mantenha o silêncio e seja grato. Você sentirá sua voz sussurando sabedoria aos seus ouvidos...

Onde você vai chegar com isso? Nem o céu é o limite, meus amigos. Nem o céu é o limite.

Onde saber mais
Livros
Qualquer um da Jamie Sams. Gosto bastante do “As Cartas do Caminho Sagrado” e “Cartas Xamânicas”, Editora Rocco


Vídeos legais do youtube
Um chefe Hopi fala sobre esta desconexão com a terra e a necessidade de nos reconectarmos. “Changing is evolution”. Mudança é evolução. Em inglês.
Cherokee Morning Song, uma canção belíssima cantada 4 vezes, para as 4 direções, com imagens dos povos nativos americanos.
Coyote Tracks - Children of The Earth Foundation (Pegadas de Coiote - Fundação Crianças da Terra), coordenada pelo fundador da Tracker School. Vídeo inspirador. Em inglês.

Sites
Tracker School
http://www.trackerschool.com
Escola fundada por Tom Brown Jr. na onde ele transmite a seus alunos conhecimentos acumulados de 15 anos de intensa convivência com um sábio xamã Apache que, sozinho, percorreu as Américas. Na escola dele, você vive por uma semana como os povos nativos americanos viviam – e aprende de tudo - de fogo a filosofias e espiritualismo destes povos.


Sabedoria Nativa - matéria minha para a revista Vida Simples.
http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/071/pe_no_chao/conteudo_305224.shtml

8.7.10

código florestal: retrocesso total






Ruralistas aplaudem Aldo Rebelo na aprovação das mudanças no Código Florestal 
Para quem não acompanhou o desenrolar do caso, a cena pode parecer inusitada. Dezenas de manifestantes ligados aos grandes sindicatos rurais patronais, com camisetas pedindo "segurança a quem produz os nossos alimentos", gritavam seu nome. Ao mesmo tempo, manifestantes ligados a movimentos camponeses e da agricultura familiar, a quem ele dizia defender, o vaiavam. O centro das atenções era o deputado comunista Aldo Rebelo (PCdoB), cujo projeto para alterar o Código Florestal, uma das mais importantes leis 
ambientais do país, acabava de ser aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados - Notícias Socioambientais, 6/7. 


*

Foi aprovada ontem pela comissão especial da Câmara dos Deputados a proposta de reforma do Código Florestal que libera pouco mais de 90% dos proprietários de terra do País da exigência de recuperar a vegetação nativa em uma parcela de seus imóveis. As pequenas propriedades, definidas como as que têm área de até 4 módulos fiscais, ficam dispensadas de manter reserva legal em pelo menos 20% do terreno. Mas as que ainda tiverem vegetação nativa não poderão cortá-la, pelo menos por um período de cinco anos, prazo de uma moratória para o desmatamento. Calcula-se que 870 mil quilômetros quadrados, tenham sido desmatados de forma irregular. Nem tudo terá de ser recuperado, a valerem as novas regras. O texto aprovado ontem por 13 votos a 5 e reformado na véspera pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) seguirá para o plenário da Câmara. Votação deve ocorrer após as eleições - OESP, 7/7, Vida, p.A17; FSP, 7/7, Ciência, p.A16; O Globo, 7/7, O País, p.15. 


*


Marina diz que proposta de Aldo é retrocesso na legislação ambiental 
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, afirmou ontem que voltará ao Senado para batalhar contra a aprovação da reforma do Código Florestal, quando o projeto passar a tramitar na Casa. Marina afirmou que a mudança do Código Florestal, nos termos defendidos por Aldo Rebelo, representa "um dos piores retrocessos na legislação ambiental na História do Brasil" e defendeu que a sociedade se mobilize para evitar isso. No entanto, a candidata afirmou que ainda vai analisar o conteúdo do projeto para decidir melhor como irá votar em relação à matéria - O Globo, 7/7, O País, p.15


Veja a orientação dos partidos para a votação:


Contra o relatório do Aldo Rebelo: 


PSOL, PV, PT. 
A favor do relatório: PPS, PTB, PP, 


PR, DEM, PMDB, PT.
Liberaram a bancada: PSDB, PSB, 


PcdoB, PMN.
Veja a votação nominal: 


Anselmo de Jesus (PT-RO) - SIM 
Homero Pereira (PR-MT) - SIM 
Luis Carlos Heinze (PP-RS) - SIM 
Moacir Micheletto (PMDB-PR) - SIM 
Paulo Piau (PPS-MG) - SIM 
Valdir Colatto (PMDB-SC) - SIM 
Hernandes Amorim (PTB-RO) - SIM 
Marcos Montes (DEM-MG) - SIM 
Moreira Mendes (PPS-RO) - SIM 
Duarte Nogueira (PSDB-SP) - SIM 
Aldo Rebelo (PCdoB-SP)- SIM 
Reinhold Stephanes (PMDB-PR)- 


SIM 
Eduardo Seabra (PTB-AP) - SIM
TOTAL A FAVOR: 13
Dr. Rosinha (PT-PR) - NÃO 
Ricardo Tripoli (PSDB-SP) - NÃO 
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) - NÃO 
Sarney Filho (PV-MA) - NÃO 
Ivan Valente (PSOL-SP) - NÃO 
TOTAL CONTRA: 5


Cuidado em quem vão votar...
Pelo fim de absurdos como este.
Save the planet!

6.7.10

Os filhos do guaraná

por Marcelo Leite


"A cerca de 140 km de Parintins (AM) vivem cerca de 10 mil índios saterés-maués. Habitam comunidades juntos aos rios Andirá e Marau, na fronteira entre Amazonas e Pará. Sem os saterés-maués, o Brasil não teria dado ao mundo seu principal legado para a civilização, depois do samba, da caipirinha e da feijoada: o guaraná. Eles domesticaram os arbustos do gênero Paullinia e os transformaram numa cultura tradicional. As frutinhas vermelhas e pretas servem para o preparo de uma bebida estimulante e com função cerimonial, o çapó. Os saterés-maués dizem que são 'os filhos do guaraná'. Não estranha, assim, que tratem a bebida com mais reverência do que nós. Do çapó ao néctar apelidado de guaraná 'champanhe', contudo, muita coisa se perdeu. Bebemos de sua bebida sem sabê-la. Somos os netos ingratos do guaraná, e ainda nos queremos civilizados".


Boa...


Save the planet!

3.7.10

estação ecológica grão pará - dias contados?

Se os dias estão ou não contados para  a Estação Ecológica (Esec) Grão Pará - a maior unidade de conservação de proteção integral do planeta, localizada no Pará, o estado mais desmatado da Amazônia brasileira -, ainda é difícil dizer.

O fato é que ela corre o risco de diminuir de tamanho ou de ter sua classificação alterada (ou seja, passar a se tornar uma floresta estadual, por exemplo, que permite o uso sustentável dos recursos naturais) para que, em seu território, passe a existir pesquisa e posteriormente exploração de bauxita pela mineradora Rio Tinto, a terceira maior do mundo. O governo do Pará ainda não decidiu que futuro dará à Esec. Criou até um grupo de trabalho com várias organizações da sociedade civil e órgãos de governo para tomar uma decisão a respeito do tema.

Conheça a história completa clicando aqui.

Save the planet!

14.6.10

terra sem lei, por miriam leitão

Salve, Miriam.

*

Em dez anos, os desmatadores destruíram no Brasil 260 mil hectares na Mata Atlântica, ou 2,6 mil km, o equivalente a duas cidades do Rio; e 176 mil km na Amazônia, área maior que toda a Inglaterra. Em sete anos, foram 85 mil km de cerrado; 4,3 mil km, no Pantanal; e 16,5 mil km, na caatinga. E o que o Congresso está discutindo não é como parar o crime, mas como perdoar os criminosos.

Esse é o principal ponto que torna o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) um equívoco. Ele leva o Brasil na direção oposta do que se deve ir. Em cada ponto, a proposta acelera na contramão. O que os poderes da República poderiam estar considerando é: dado que o atual Código não impediu essa destruição toda, o que fazer para que as leis possam ser cumpridas?

Os rios brasileiros estão assoreados, muitos já morreram, os rios que cortam o interior do país viraram latas de lixo e esgoto. As histórias são tão frequentes e antigas que nem cabe repetir aqui. A discussão urgente é como proteger os rios, aumentar o saneamento básico, limpar as correntes de água, garantir que a faixa de mata ciliar seja recomposta. Mas o que a proposta de novo Código Florestal estabelece é como reduzir a proteção aos rios, diminuindo o tamanho das Áreas de Proteção Permanente (APP).

O Brasil tem tido assustadores problemas de deslizamento de encostas nas cidades, nas estradas. Elas servem como um alerta sobre o cuidado com o usode terrenos muito íngremes. A lei de 1965 cria limites ao uso de terrenos com 45 graus de inclinação e protege o topo dos morros. O novo Código reduz a proteção dessas áreas frágeis.

Imaginemos dois proprietários rurais na Amazônia, no Cerrado ou na Mata Atlântica, ou qualquer outro bioma brasileiro, como o nosso belo e frágil Pantanal. Um preservou a reserva legal guardando o percentual da propriedade estabelecido por lei, respeitou as APPs e não contou essas áreas nas reservas legais. Se já entrou na propriedade com uma área desmatada maior do que o permitido, replantou espécies da região. O outro desmatou com correntão, incendiou parte da floresta, fez corte raso ou qualquer uma dessas formas primitivas e predatórias de ocupar a terra. O segundo terá as seguintes vantagens: pode continuar usando as áreas "consolidadas" sem pagamento de multa, tem 30 anos para recompor a reserva legal de forma voluntária, pode usar espécies exóticas, pode replantar em outro local, pode fazer lobby junto ao governo estadualpara reduzir a área a ser protegida. Pode continuar explorando o topo dos morros, reduzir a área de proteção aos rios e contar a APP como parte da reserva legal. Como se vê, será compensado, anistiado, incentivado. E quanto ao primeiro? Ao que cumpriu a lei? Ora, esse deve procurar o primeiro espelho, olhar para seu próprio rosto e dizer: "Cumpri a lei, fui um otário!"

No século XXI, diante de tantos exemplos dos riscos da degradação ambiental, o que o Brasil deveria estar fazendo? Discutindo seriamente como aumentar a proteção ao meio ambiente. Mesmo os que não acreditam nas mudanças climáticas sabem que o meio ambiente é essencial para a qualidade de vida. Em vez de uma discussão serena e atualizada, o relator do projeto de mudança do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo, nos propõe uma sequência delirante de explicações persecutórias. O mundo estaria conspirando contra o desenvolvimento brasileiro através de malévolas organizações infiltradas no país, impondo aos cidadãos nacionais convicções exóticas sobre a necessidade de evitar o desmatamento e inventando evidências científicas de que o clima está mudando.

Até quem tenha muito boa vontade com este tipo de raciocínio alienista precisa saber como explicar algumas contradições: muitas das ONGs são genuinamente brasileiras, o maior beneficiário de um meio ambiente sadio e protegido é o próprio brasileiro, o clima está de fato mudando perigosamente, os países desenvolvidos estão impondo para si mesmos metas de redução de emissões maiores do que as que o Brasil espontaneamente se dispôs a cumprir.

O Brasil é uma potência agropecuária. Os números crescentes de produção, produtividade e exportação derrubam a tese de que o Código Florestal está impedindo essa atividade econômica no país. Há pouca chance de que continuemos avançando em mercados mais competitivos se a decisão for permitir mais desmatamento, tornar mais frouxas as regras, controles e limites. É bem provável que ocorra o oposto: que esse passe a ser o principal argumento para imposição de barreiras contra o produto brasileiro, seja ele produzido de forma sustentável ou não.

O principal problema do Código não é ser excessivamente rigoroso. Se fosse, o Brasil não teria as estatísticas que tem. É que as leis não têm sido respeitadas. Mudar a lei para que o Código seja cumprido é tão inútil e perigoso quanto tentar reduzir a incidência de febre nos pacientes com infecção, estabelecendo que febre é apenas de 39 graus para cima. O racional a fazer com a febre é tratar a infecção; o melhor a fazer com nosso persistente desmatamento é impor o respeito à lei e ao patrimônio público; e não suavizar o Código, anistiar quem não a cumpriu e postergar seu cumprimento.

Em Minas, há um desmatador profissional que tira a mata dele e dos vizinhos, pequenos proprietários, a quem paga alguns trocados. De tanto ser denunciado e multado, ele já aprendeu o truque. Agora, ele mesmo se denuncia, paga a multa e assim legaliza seu ato. É o crime que tem que ser combatido, deputados e senadores, e não a lei.


Save the planet!

11.6.10

"curtinhas" - com notas poucas e boas



1 hectare a R$ 2,99: como lembrou uma amiga minha.."mais barato que banana!

"De acordo com informações divulgadas pela Agência Estado, terras públicas na Amazônia podem custar R$ 2,99 o hectare ao atual ocupante, de acordo com a nova tabela de preços do Programa Terra Legal, divulgada pelo governo. Para se ter uma ideia, um hectare equivale a um campo de futebol. O preço pode ser menor caso a terra ilegalmente ocupada esteja distante do município ou não seja acessível via estrada.


O Programa Terra Legal foi lançado em junho do ano passado com o objetivo de promover a regularização fundiária na Amazônia Legal em áreas que tenham sido ocupadas antes de dezembro de 2004 tanto em territórios federais quanto estaduais, inclusive em assentamentos de reforma agrária.

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Maravilhas do Brasil

Recentemente, a organização New 7 Wonders divulgou os 28 finalistas do concurso que deve eleger as sete novas maravilhas da natureza. A Amazônia e as Cataratas do Iguaçu encontram-se entre os 14 primeiros colocados. Os vencedores serão anunciados no dia 11 de novembro de 2011 – estima-se que o concurso deva superar 1 bilhão de votos. Para votar, é necessário acessar o site da organização ou ligar para os telefones (+44) 87 218 400 07 e (+44) 20 334 709 01.

Em 2007 a organização elegeu, por meio de 100 milhões de votos populares, as sete novas maravilhas do mundo construídas pelo homem – uma delas foi o Cristo Redentor. Todos os eleitos levaram para casa um montante no valor de U$ 5 milhões.

Um novo montante será dado aos vencedores e ele poderá ser utilizado em projetos de conservação. “Se queremos realmente salvar alguma coisa, primeiro precisamos apreciá-la”, Bernard Weber, fundador da New 7 Wonders.

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De protesto em protesto



No final de maio, dentro do badalado Shopping Boulevard, no centro de Belém, um indígena de aparentemente 25 anos de idade caminhava sossegadamente de calça jeans, sem camisa e com seu cocar na cabeça por corredores cheios de lojas. Como destoava dos demais transeuntes, chamava a atenção por onde passava. Do lado de fora do edifício, já na calçada, encontro outro indígena - devia ter uns 50 anos. Estava sentado, descansando. Me aproximo, digo olá e sento-me a seu lado. Neste momento, uma mulher mascando chiclete saca da bolsa preta de couro um celular vermelho e, sem pedir permissão, começa a fotografá-lo. Essa não ficou boa, tira outra. Mostra para a amiga. Nem uma palavra ao homem que estava estampado no seu telefone. Ele olha para elas, indiferente. Tinha cocar na cabeça, rosto, tronco e braços pintados com urucum e jenipapo.

O fotografado era cacique Amioti, da etnia Kayapó, que naquele momento esperava o tempo passar para uma reunião na Funasa na qual reivindicaria mais atenção à saúde dos membros de sua aldeia, localizada no município de Redenção, no Pará. “Onde eu moro falta médico e medicamento”, disse. Olhar sério, fala confiante. Dá para sentir que tem o peito calejado de tanto reivindicar o básico a órgãos públicos e, ainda assim, ter de conviver com um tipo de indiferença que deveria ser nada menos do que intolerável. Segundo ele, mais de seis mil pessoas vivem em sua aldeia e muitas sofrem com diarreia, tosse, gripe e malária.

“Eles estão em situação de abandono total por parte da Funai e da Funasa. Por isso estão aqui correndo atrás, para ver se melhora. A necessidade por lá é muito grande”, afirma Marcondes Cardoso, coordenador da ONG Ameka que, há seis anos, acompanha a situação dos Kayapó.
Amioti levantou da calçada e caminhou descalço o quarteirão que faltava para chegar ao prédio da Funasa. Após a reunião, seguiu de volta para sua terra. De lá partiu para Altamira, onde se reuniu a outros grupos indígenas em mais um protesto contra a usina hidrelétrica de Belo Monte, que afetará a vida de centenas de pessoas como ele. Aqui e ali, no passo por vezes descalço, Amioti segue caminhando pela melhoria de seu mundo.

ALIÁS...

Ameaça de guerra

Líderes indígenas têm afirmado que estão dispostos a guerrear e até a morrer, se for preciso, para impedir a construção de Belo Monte, alegando que a obra vai impactar o meio ambiente e as populações locais. “Os povos indígenas entendem que Belo Monte vai realmente trazer impactos. Uma guerra pode acontecer sim. Antes morrer do que ver este sofrimento no futuro”, afirmou Luís Xipaya, presidente do Conselho Indígena de Altamira, em entrevista ao jornal O Liberal, do Pará.

Semana passada, durante a 13ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, líderes indígenas pediram ao presidente Lula um novo encontro para debater a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Márcio Meira, presidente da Funai, teria afirmado que Lula estaria disposto a debater o assunto com lideranças indígenas – no entanto, ressaltou que o governo não desistirá da usina.

Indígenas e ambientalistas tem protestado contra a construção de Belo Monte há pelo menos 20 anos, quando o projeto foi criado. Desde que o governo Lula “ressuscitou” o assunto, manifestações contrárias à hidrelétrica têm acontecido em diversas partes do país – de Belém a Florianópolis.

Save the planet!

9.6.10

Apagão Ambiental: Seria Cômico, não fosse trágico

por André Lima


Deputado Aldo Rebello superou seu próprio discurso anti-ambiental. Quem achava que se tratava apenas de jogo de cena quebrou a cara. Em sessão concorrida da Comissão Especial do Código Florestal desta terça-feira, 08 de junho, apenas três dias após o Dia Internacional do Meio Ambiente, o deputado apresentou e leu parte do seu canhestro relatório. Em leitura enfadonha e desqualificando de forma autoritária as organizações e inclusive os técnicos da sociedade civil contrários ao seu posicionamento o Deputado Aldo ofereceu seu tão esperado relatório para praticamente revogar o Código Florestal brasileiro.


Citando de Malthus, a Luiz Gonzaga, o Deputado Aldo demonstrou grande sensibilidade para as teses mais arcaicas do ruralismo do século passado. Comprovou também que não tem nenhuma responsabilidade para com o patrimônio público (ambiental), o Estado de Direito e a Função Social da Terra, teses consagradas na nossa Constituição Federal e caras aos comunistas (neste caso- ex-comunista). Conseguiu (pasmem!) apresentar um relatório muito mais condescendente com os infratores ambientais do que o apresentado pelo Deputado Moacir Micheletto, há mais de 10 anos atrás, e que lhe rendeu o apelido de deputado Moto-serra cunhado por organizações não Governamentais participantes da Campanha SOS Florestas.


Sem maiores delongas, os aspectos mais graves da proposta de Código Florestal TOTAL-Flex de Aldo Rebello são:


1) Anistia geral e irrestrita a todo desmatamento ilegal ocorrido até julho de 2008 cancelando multas, suspendendo embargos e permitindo que ocupações ilegais recentes em Área de Preservação Permanente e Reserva Legal sejam beneficiadas com a manutenção das atividades até que o governo elabora plano de recuperação ambiental.


2) Inverte de forma inconstitucional a responsabilidade pela elaboração de planos de recuperação de áreas objeto de dano ambiental decorrente de crime ou infração atribuindo obrigações ao poder público para elaborar os Planos de Recuperação Ambiental.


3) Permite que os Estados possam reduzir em até 50% as dimensões das áreas de preservação permanente.


4) Revoga a exigência de Reserva legal para as propriedades com até quatro módulos rurais (ex.: 600 hectares na Amazônia), permitindo com isso mais desmatamentos em todos os biomas em todo País.


5) Concede mais 35 anos para a recomposição de RL (pelo Estado) quando esta for exigível. Os trinta anos começaram a contar em 2000, com a MP 2166, mas a proposta é de renovar esse prazo.


6) Abre a possibilidade, sem qualquer critério técnico previamente estabelecido, aos estados e até mesmo municípios de declararem empreendimentos como de utilidade pública para fins de desmatamento em qualquer categoria de área de preservação permanente.


7) Suspende todos os termos de compromissos e de ajustamento de conduta para cumprimento do código florestal já assinados entre produtores rurais e órgãos ambientais em todos os biomas do País.


Além do que foi acima descrito o Deputado Aldo ainda propõe em seu relatório:


A) Em rio com até 5 metros de largura (rios mais vulneráveis a poluição e erosão) a APP passa a ter limite máximo de 5 metros de APP (hoje essa margem é de 30 metros de largura). Com isso abre a possibilidade para novos desmatamentos.
B) A definição de APP em áreas de várzea passa a ser definida pelos estados pois deixa de ter um parâmetro geral federal.


C) No caso de ocupação de área com vegetação nativa entre 25-45° de declividade, que hoje é limitada, a competência para autorizar uso é retirada do órgão ambiental e é atribuída a um órgão de pesquisa agropecuária (não define qual).
D) Formações campestres amazônicas (campinarana, lavrados) passam a ter Reserva legal de 20% (até então aplicava-se a elas o percentual de 35% como cerrado).


E) Permite o cômputo total da APP na reserva legal, mesmo que estejam desmatadas (em processo de regeneração).


F) ZEE pode regularizar desmatamentos ilegais ocorridos até julho de 2008.


G) Permite recomposição de RL com espécies exóticas a critério do órgão estadual (deixa de exigir parâmetro do CONAMA).
H) Desonera empreendimento de interesse público em área rural no entorno de lagoa de ter Reserva Legal, sem definir o que sejam empreendimentos de interesse público (por exemplo condomínios privados podem ser declarados por prefeituras como de interesse público).


I) Permite a compensação financeira para regularização de reserva legal (a lógica do desmate, ocupe, lucre e pague).


J) A averbação de reserva legal deixa de ser obrigatória até que o poder público elabore o PRA.
k) Propõe a recomposição voluntária de Reserva Legal até que o Poder Público apresente o PRA.


L) Permite a consolidação de ocupação em áreas urbanas de risco (margem de rios, topos de morros e áreas com declividade).


Em seu discurso rococônico com citações desconexas que viajam forçadamente de Epicuro a Guimarães Rosa, o Deputado Aldo deixou claro e sem constrangimento que não entende nada e não tem nenhuma responsabilidade com o equilíbrio ambiental no Brasil. Defende o princípio da arrogância humana, que se coloca acima de tudo e de todas as demais espécies e que com sua razão tudo pode. Para ele o Brasil é sobretudo o celeiro do mundo e todos os que não se rendem a essa visão míope e parcial da realidade do país são por ele taxados de inimigos da nação. Infelizmente esse é o cenário que teremos que enfrentar no Congresso Nacional nos próximos dias. Até os ruralistas se surpreenderam com a sintonia entre o relatório de Aldo e suas demandas históricas.


Por isso amigos acompanhem, mandem mensagens e liguem para os seus deputados, e participem das Campanhas SOS Florestas: WWW.sosflorestas.com.br e Exterminadores do Futuro WWW.sosmatatlantica.org.br


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[1] Artigo escrito em 08 de junho de 2010 por André Lima, advogado, formado pela Universidade de São Paulo (1994), mestre em Gestão e Política Ambiental pela UnB, Coordenador de Políticas Públicas do IPAM e Diretor de Assuntos Parlamentares do Instituto O Direito por um Planeta Verde. Foi Coordenador Jurídico da SOS Mata Atlântica entre 1994 e 1997, Coordenador de Política e Direito Socioambiental do ISA entre 1997 e 2007 e Diretor de Políticas de Controle dos Desmatamentos no Ministério de Meio Ambiente entre 2007 e 2008.

27.5.10

ver...go...nhas...

"Blairo Maggi, o insustentável", por Miriam Leitão no jornal O Globo desta semana:



"O braço direito de Maggi para provar que o estado do Mato Grosso tinha virado exemplo de sustentabilidade era justamente o seu secretário de Meio Ambiente Luiz Henrique Daldegan. Com ele, e grande comitiva, o governador foi a Copenhague participar de debates sobre créditos pelo desmatamento evitado. Alegava ter desenvolvido ferramentas modernas para detectar, prevenir e combater o desmatamento. Inúmeras falsas licenças foram assinadas pelo subsecretário de gestão de florestas, e depois secretário de Mudanças Climáticas, Afrânio Cesar Migliari. Blairo, candidato ao Senado, aparece no inquérito pressionando para apressar a liberação de licenças que favoreciam políticos. É assim que se desmata na Amazônia com o conluio de gente muito fina. E que fica por aí usando em vão a palavra sustentabilidade".

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Maggi destruiu o que pôde e não pôde de Amazônia no Mato Grosso e transformou vastas áreas de floresta em vastas plantações de monocultura extensiva de soja. Agora quer posar de bom moço, viu que "sustentabilidade" é a palavrinha da vez, que "Amazônia" também é e, oras, por que não tentar tirar proveito disso? Eu teria vergonha, mas muita vergonha, de sair por aí pedindo dinheiro com a desculpa de proteger a floresta. Francamente.

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"Kayapó anunciam fim da paralisação da balsa sobre o Rio Xingu", por Instituto Socioambiental
Iniciada em 23 de abril, como forma de protestar contra a construção da usina de Belo Monte e contra o leilão promovido pelo governo federal em 20 de abril, os Kayapó, liderados por Megaron e Raoni, divulgaram nota no sábado, 22 de maio, encerrando a paralisação. Anunciaram também sua participação na reunião que se realiza esta semana em Altamira com outroas lidernaças indígenas e devem ir a Brasília particpar de reunião com indígenas de todo o Brasil. Leia a nota.


Aldeia Piaraçu, 22 de Maio de 2010


Nós do movimento da paralisação da balsa de travessia do Rio Xingu-MT queremos informar para todos que, com a chegada do cacique Raoni Metuktire, encerramos o nosso movimento da paralisação da balsa.


Mais uma vez o Governo Federal não nos respeitou indígenas, não veio falar com nós.


Assim como ele não respeitou a própria constituição Federal Brasileiro de 1988, a convenção 169 OIT e Declaração da ONU sobre o direito indígena.


Agora nós vamos para a reunião de Altamira onde irá reunir com os indígenas que vão ser atingidos por barragem Belo Monte.


Para Brasília vamos unir com os indígenas de todo Brasil para discutirmos sobre a nossa situação com o Governo Federal.


Parece que não tem órgão oficial do Governo para proteger nós indígena.


Queremos pedir aqui um respeito, nós queríamos que o Governo Federal, Estadual e Municipal respeitar nós indígenas. É o que temos para informar à todos que trafegam pela balsa aqui no Rio Xingu.
Megaron Txukarramãe
 
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Outra atitude vergonhosa é a do governo federal em relação a Belo Monte. Aliás, uma sucessão de vergonhas, sem o menor respeito pelo meio ambiente e pelas populações tradicionais que habitam, há séculos, vastas regiões do Xingu.
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Save the planet!

10.5.10

brasil é o país com maior impacto absoluto ao ambiente

do Estadão

Um estudo publicado na revista científica Plos One na semana passada conclui que o Brasil é o País com maior impacto absoluto ao ambiente. Em segundo lugar estão os Estados Unidos e, em terceiro, a China. Tonga, na Polinésia, foi o melhor colocado.

Foram levados em conta aspectos como perda de florestas, uso de fertilizantes, ameaça à biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa e qualidade da água. Os autores da pesquisa são ligados às universidades Princeton e Harvard (nos Estados Unidos) e Adelaide (na Austrália). "Nossos resultados mostram que a comunidade mundial tem de incentivar não só um melhor desempenho ambiental em países menos desenvolvidos, especialmente na Ásia, como também devem exigir que países mais ricos se concentrem no desenvolvimento de práticas mais amigáveis ao ambiente", afirmam os cientistas.
 
Save the planet!

5.5.10

Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna em 20/04/2010 Fonte: Valor Econômico


Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo


O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.


Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.


Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?


Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.


Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.


Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.


O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.


Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .

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PELO FIM DA DITADURA LULISTA NO BRASIL

Save the planet!

21.4.10

encaminhando...pelo fim da ditadura lulista no brasil

Olá a todos,
Estamos em um período extremamente importante para a definição do futuro de, no mínimo, um dos maiores e mais importantes rios da Bacia Amazônica e de toda sua sociobiodiversidade. Solicito o apoio de todos na divulgação das informações que só agora estão chegando à população brasileira, já que, até então, a discussão dos problemas relacionados ao Aproveitamento Hidroelétrico de Belo Monte praticamente se restringiam ao setor acadêmico, a algumas organizações não governamentais e aos indígenas e ribeirinhos que seriam diretamente afetados por este megaprojeto.


Nesta última quarta feira um Juiz Federal de Altamira acatou uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, através de uma medida liminar, suspendendo a licença prévia de Belo Monte e cancelando o leilão, marcado para a próxima terça feira (20/04). Porém, hoje o TRF suspendeu essa liminar e a Agência Nacional de Energia Elétrica manteve a data do leilão para o dia 20/04.
Frente a isso, para os que não estão acompanhando os vais e vens deste velho projeto, sugiro que assistam aos dois debates recentes sobre essa hidroelétrica e sobre a questão energética no Brasil (vide endereços eletrônicos, abaixo).


O primeiro é o do programa Espaço Aberto, com a participação de Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética e Carlos Vainer, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ e o segundo é o do Globo News, com a participação de Pedro Bignelli, Diretor de Licenciamento do IBAMA, Ubiratan Cazetta, procurador do Ministério Público Federal – PA, Raul Silva Telles do Valle, advogado do Instituto Socioambiental, Carlos Schaeffer, professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e Marquinhos Mota, representante do Movimento Xingu Vivo para Sempre e da Rede FAOR.
Precisamos mobilizar a população brasileira para que não nos deixemos enganar novamente pelo governo e pelas empresas interessadas neste mega-projeto com argumentos baratos como o de que de precisamos de Belo Monte para não termos novamente um apagão.


Conto com a ajuda de todos vocês para divulgar essa luta para o maior número de pessoas possível. Está tudo muito em cima da hora, mas imagino que ocorrerão mobilizações em praticamente todas as grandes cidades do Brasil.


Abraços,
Adriano Jerozolimski
Associação Floresta Protegida – Mebengokré/Kayapó
Saiba mais
Debate do Programa Espaço Aberto


Debate do Programa Globo News

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