25.7.12

nós e o mundo - o que está além da superfície?

Hoje encontro-me em uma difícil, dificílima missão: escolher pelo menos 100, entre 250, do total de 750 inscritos para participar do TEDxJardimBotânico, que acontecerá no Rio de Janeiro em 22 de agosto.
Esta é uma tarefa dura porque não é nada fácil escolher entre uma pessoa incrível e outra; entre alguém que tem um sonho incrível e outro. O quanto a minha decisão vai impactar a vida das pessoas que eu escolher? O quanto vai deixar de impactar a de quem não passar pelo crivo da minha razão e da minha intuição? Que poder todo é esse?! Assusta. Mas ok, Karina, a vida é assim. A gente sempre impacta e deixa de impactar a vida dos outros, isso é movimento.
Ao ler tantas histórias bacanas, no final de cada ficha há sempre uma foto da pessoa. Leio o que ela escreve. Me emociono. Por curiosidade, clico na foto. A reação é sempre a mesma, vem com o pensamento "nossa, então é você...! Será que eu sacaria isso em você ou será que você mostraria esse seu lado pra mim caso nos encontrássemos por acaso em algum lugar por aí e de repente começássemos a conversar?". Em alguns casos sim, mas algo me diz que não, que expor as belezas e os medos que temos internamente a estranhos infelizmente ainda parece coisa de outro mundo.
Vem cá, seja honesto (a) na resposta aqui: o quanto valorizamos, mas valorizamos mesmo, as pessoas que estão perto de nós? O quanto procuramos nos abrir de verdade, sem preconceitos, para o ser humano que está aí, do nosso lado? Tem alguém do seu lado nesse momento? Então, você já se perguntou o que jaz por trás dessa aparência toda? Não tem ninguém por perto agora? Sem problemas, daqui a pouco você se encontra de novo com outro homo sapiens e também terá a chance de observá-lo (a) e ser honesto (a) consigo mesmo (a) sobre o quanto estamos ou não dispostos a nos mostrar e a enxergar o que o outro tem para compartilhar.
Quero um mundo mais TEDx.
Nos intervalos, no almoço e nas festas de todos os eventos deste tipo dos quais já participei, um crachá garante que é seguro se aproximar (passou pelo crivo da organização, que teve que infelizmente não escolher entre tantas outras pessoas por causa da limitação de espaço do evento, mas ok, se está ali é porque tem algo de muito bom, então não há "perigo", pode chegar junto). E, então, todo mundo conversa como se se conhecesse há anos. Não deveria ser sempre assim?
Um dia, dentro de um elevador de Doha, no Qatar, onde participei do TEDxSummit, me dei conta de que todos éramos estranhos uns aos outros, mas tínhamos crachás, então nos comunicávamos sorrindo, felizes, sem armaduras. Chegou o meu andar e não resisti: "gente, uma questão pra refletirmos: será que nos abriríamos assim, uns para os outros, se não fosse esse crachá?". Todo mundo fez cara de pois é e eu saí com cara de pois é.
E, antes de tomar mais o seu tempo, quero parabenizar o Planeta Sustentável por um texto que tem a ver com essas minhas indagações. "Os invisíveis". Quantos garis, porteiros, catadores de material reciclado , faxineiros e faxineiras já receberam o nosso "bom dia" hoje?
Como disse uma pessoa que cruzou o meu caminho...."a superfície é só a manifestação das profundezas".
Um abração pra você.


Save the planet!


15.7.12

Urca, nossa pequena flor silvestre



Ela nasceu quando eu tinha 14 anos. Vira-lata, misturinha boa de pastor alemão com vira. Nasceu bonita, porte médio, nas cores do beagle. Quando paro pra pensar no tempo de vida dela com a gente, me bate um misto de alegria com culpa. Alegria por ter compartilhado com ela momentos lindos, só meus e dela. Culpa por ter saído de casa e de não ter vivido com ela muitas coisas mais, por não a ter levado pra passear tanto quanto eu gostaria. 
A gente ganhou a Urca num momento em que no bairro dos meus pais, Parque São Domingos, em São Paulo, estava virando moda ladrão entrar na casa das pessoas para roubar coisas. Já haviam entrado na nossa umas três vezes. Então a Urca chegou como um pedido de ajuda. Por favor, protege a gente, Urca. Por favor querida, late quando alguma coisa estiver errada. Incrivelmente ela nasceu com um vozeirão que, para quem não a visse, parecia se tratar de um pastor alemão gigante. Coincidência ou não, nunca mais entraram em casa.
Ela gostava de ficar por perto, de brincar com suas bolinhas. Comia de tudo (adorava cenouras, maçãs...). Era cheia de energia. Até seus 18 anos tinha força pra muita coisa. Com 19, adoeceu numa velocidade impressionante e foi definhando rápido, bem rápido. No entanto, sem conseguir ficar direito sobre as 4 patas, por mais de uma vez subiu quietinha 26 degraus de escada para ficar mais perto da família e deitar num de seus cantos favoritos. Uma vez a gente achou ela encalhada na escada, tentando subir. Por mais dores que sentisse, queria andar, correr, brincar, passear. Até que não aguentou mais. Apesar do seu espírito sempre juvenil e companheiro, o corpo não respondia. Parou de andar, de comer, de sorrir. Mas não queria ir embora de jeito nenhum. "Querida, obrigada por tudo, pode partir...". Não partia. Em sua maior agonia, ela ainda lutava, com respiração descompassada, pra permanecer viva, como se tivesse que nos proteger sempre, a qualquer custo.
Choro ao pensar nisso. Nunca antes havia tido uma lição tão forte de companheirismo, a tão falada fidelidade canina. Eu não tinha noção do quanto isso era forte e verdadeiro. Hoje, quando fico mal por meus problemas, me bate um pensamento. "Karina, vai em frente em busca do que você acredita, por maiores que sejam as dificuldades. Olha o exemplo que a Urca te deu". Sem falar, sem ficar revoltada com a gente, sem nunca nos agredir...sempre por perto, amiga, na dela, a Urca acabou dando uma lição de vida pra minha família inteira. Para finalizar este post, compartilho com vocês o que escrevi aos meus pais, minha avó e minha irmã quando soube da partida da nossa querida amiga. 


"Ontem tirei uma carta sobre a Urca. Pedi a Deus pra me falar qualquer coisa sobre ela.
Saiu a carta "coragem", do Osho. Sinto que a Urca viveu e lutou pela vida bravamente, assim como a sementinha que cai na terra escura e que, pra virar planta, precisa de coragem. Essa aura dourada da imagem aí de baixo me faz sentir que foi assim que a Urca voltou para os braços do Criador: envolta em luz.
Essa cachorrinha nos ensinou muita coisa. Pra mim fica a lição da fidelidade, do amor incondicional verdadeiro. A lição do espírito jovem e em busca da felicidade mesmo quando o corpo físico caminha na direção contrária. Mesmo com dores, sem forças nas pernas e depois de dois AVCs a Urca se esforçou pra subir as escadas - e subiu!!!! - e abanou o rabo de alegria. É um exemplo e tanto, não? Pra vida toda.
Valeu mãe, dá um valeu pra vó tb, por vcs terem ficado com ela até o fim do sofrimento dela. Até o momento em que ela conseguiu se libertar. Vcs tb foram prova de amor incondicional e de coragem pra nossa Urquinha, podem ter certeza. Ela foi embora com 19 anos de idade. Se compararmos à idade humana, nossa cachorrinha fez sua passagem aos 133 anos de idade! 
bjos, amo vocês - e viva nossa Urca, exemplo pra vida toda. Alegria no espírito, apesar de tudo e acima de tudo.


Coragem


A semente não pode saber o que lhe vai acontecer, a semente jamais conheceu a flor. E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor. Longa é a jornada, e sempre será mais seguro não entrar nessa jornada, porque o percurso é desconhecido, e nada é garantido. Nada pode ser garantido. Mil e uma são as incertezas da jornada, muitos são os imprevistos -- e a semente sente-se em segurança, escondida no interior de um caroço resistente. Ainda assim ela arrisca, esforça-se; desfaz-se da carapaça dura que é a sua segurança, e começa a mover-se. A luta começa no mesmo momento: a batalha com o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era muito resistente, mas a plantinha será muito, muito delicada, e os perigos serão muitos.

Não havia perigo para a semente, a semente poderia ter sobrevivido por milênios, mas para a plantinha os perigos são muitos. O brotinho lança-se, porém, ao desconhecido, em direção ao sol, em direção à fonte de luz, sem saber para onde, sem saber por quê. Enorme é a cruz a ser carregada, mas a semente está tomada por um sonho, e segue em frente.

Semelhante é o caminho para o homem. É árduo. Muita coragem será necessária.
Osho Dang Dang Doko Dang Chapter 4

Comentário:
Esta carta mostra uma pequena flor silvestre que enfrentou o desafio das rochas, das pedras em seu caminho, para aflorar à luz do dia. Envolta em brilhante aura de luz dourada, ela exibe a majestade do seu pequenino ser. Sem nenhum constrangimento, equipara-se ao sol mais brilhante.
Quando nos defrontamos com uma situação muito difícil, há sempre uma escolha: podemos ficar repletos de ressentimentos e tentar encontrar alguém ou alguma coisa em que pôr a culpa pelas nossas dificuldades, ou podemos enfrentar o desafio e crescer.
A flor nos mostra o caminho, na medida em que a sua paixão pela vida a conduz para fora da escuridão, para o mundo da luz. Não há nenhum sentido em se lutar contra os desafios da vida, ou tentar evitá-los ou negá-los. Eles estão aí, e se a semente deve transformar-se na flor, precisamos passar por eles. Seja corajoso o bastante para transformar-se na flor que você foi feito para ser".
A Urca foi corajosa o bastante pra ser a flor que veio pra ser.


Save the planet!


13.7.12

Reflexões sobre a "minha" comunicação em 2012


Eu na Chapada dos Veadeiros. Pensando...

Tenho pensado sobre como melhorar as publicações deste blog. Ele passou a existir junto com meus primeiros passos no jornalismo ambiental, em 2005. Se você der uma lida nele desde os seus primórdios, vai acompanhar as mudanças, notar o meu olhar ingênuo do começo, o meu momento de indignação quando comecei a ver mais de perto e a enxergar melhor esse sistema que quer engolir todo mundo com sua ganância irresponsável...
Eis que chego numa nova fase da vida e da minha carreira onde, talvez pelo poder cósmico de 2012, começo a me questionar sobre novas maneiras de fazer comunicação, sem que isso esbarre no trabalho duro que tenho dado há 7 anos pra me firmar nesta área. Então vou me manter firme nas reportagens, mas também refletir a respeito de como comunicar de modo que a informação chegue não somente à mente das pessoas, mas também no coração delas. Essa é a pergunta que mais tenho me feito ultimamente.
Este post é para conversar com você, que nunca deixou de me ler - fico impressionada ao checar a estatística do Eco-Repórter-Eco e ver que, mesmo sem a constância de postagens, este blog nunca deixou de ser lido! Só tenho a agradecer. Este post também é para te dar o mínimo de satisfação e pra dizer que daqui pra frente você que me lê por aqui, vai acompanhar mais de perto esta nova fase.
Chegou a hora de revolucionar...
beijos e
Save the planet!