13.12.09

o que está rolando na COP 15

Tenho lido sobre a COP 15 em vários lugares. Separei algumas das coisas mais interessantes, bizarras e importantes que encontrei a respeito. Se você estiver com preguiça de ler mil jornais pra saber o que estão falando por aí, poupe seu tempo e leia o Eco-Repórter-Eco.

Mas antes PRECISO dizer o quanto estou orgulhosa de meus amigos ambientalistas. É sensacional ver a coragem destas centenas, milhares de pessoas que tem ido constantemente às ruas de Copenhague para pressionar governantes do mundo todo a assumir metas de redução de gases de efeito estufa, mesmo que corram o risco de apanhar e/ou serem presos.

Pessoas como estas não se omitem e vão em frente naquilo em que acreditam sabe por que? Pela vida do planeta, por mim e por você!

Clique aqui e veja um vídeo destas pessoas maravilhosas.

COP 15 no twitter



Para que sua mensagem apareça na lista, basta incluir em sua postagem a tag #Cop15.


G1

Brasil protesta contra caos em acesso à cúpula do clima de Copenhague

Polícia detém mais de 200 ativistas por 'tentar bloquear' cúpula do clima

Manifestante se veste de 'Morte' para lembrar urgência de acordo na COP 15

Balão mostra o tamanho de uma tonelada de CO2 na atmosfera

Japão anuncia 'financiamento climático' de US$ 15 bilhões só para países pobres

ONGs pedem que líderes mundiais salvem COP 15 em 'crise'

Momento da Conferência do Clima ainda é de marcar divergências, diz Dilma

Blog do Greenpeace

Mais $ na #COP 15. Essa sai do nosso bolso

Polícia detém 200 militantes durante a conferência do clima em Copenhague


Comunidades de florestas são vitais para luta climática


Manifestantes protestam pelo mundo contra o aquecimento global


Após crítica de ativistas, polícia justifica prisão de mais de 900 em Copenhague


Pelo menos 900 são detidos em protestos em Copenhague


Ilha de Tuvalu faz apelo emocionado por acordo climático


China diz que fundo europeu é 'bom primeiro passo'


Maior emissora de CO2, Amazônia não tem controle sobre gases poluidores


Mais uma conferência sobre clima, e acordo ambicioso ainda é miragem


O ECO


O dever de casa brasileiro


Sem florestas não tem acordo


Um passeio de bike em Copenhague

No Brasil será mais quesnte


REVISTA ÉPOCA


Os líderes comunitários da Amazônia em Copenhague


Empacou geral?


Connie Hedegaard: "O Brasil deve mostrar liderança"


Um plano de Al Gore para salvar o planeta


Esperança ou decepção em Copenhague?
 
Save the planet! Save the climate!

4.12.09

a amazônia e amazônida sofrem com a seca. de novo.


A seca deste ano na floresta amazônica, causada por um El Niño, pode estar associada ao aquecimento global. Que, por sua vez, é agravado pelas queimadas que ocorrem na Amazônia. Mortandade de milhares de peixes, rios a níveis extremamente baixos e barcos atolados completamente no solo já começam a ser registrados. Um cenário triste que nos remete à terrível seca de 2005.
A seguir, um texto do Greenpeace sobre o assunto.
*
“A seca deste ano, até agora, está associada a uma variabilidade natural. Com as mudanças climáticas, esses fenômenos podem se tornar mais intensos, como indicam os modelos climáticos, mas ainda é muito cedo para associá-lo diretamente ao aquecimento global, apesar dos dados desta década mostrarem um aumento da freqüência destes eventos extremos”, aponta Antônio Manzi, pesquisador do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA, em inglês).
 
As modelagens climáticas apontam que o futuro da Amazônia será mais quente e mais seco se não estabilizarmos as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). No entanto, ainda há muita discussão sobre os resultados de diferentes modelos climáticos quando se trata da Amazônia. Outros estimam uma perda gradual, mas ainda assim significativa.


Se nada for feito para combater o aquecimento global, a floresta amazônica sofrerá sérias consequências. Algumas previsões indicam que a Amazônia pode se tornar gradualmente mais quente e mais seca, causando perda de biodiversidade e prejuízos para as comunidades locais e populações indígenas.
 
Os estudos que apontam para cenários mais secos e quentes aparecem mais intensamente em simulações do clima que usam modelos que relacionam o aquecimento da água no oceano Pacífico e a ocorrência do El Niño. No entanto, ninguém arrisca afirmar que este evento do Rio Manaquiri tem uma ligação direta com as mudanças climáticas, mas isso não significa que ela não exista.


“Não dá pra afirmar, por exemplo, que uma pessoa que fuma, ficou com câncer por conta do cigarro. É difícil comprovar, mas ninguém nega que fumar cigarro aumenta a probabilidade de ter câncer”, compara Philip Fearnside, do Departamento de Ecologia do INPA. “Enchente, seca, mortandade de peixes sempre existiram, mas a freqüência destes fenômenos é que está aumentando. Devemos tirar uma lição disso e não esconder debaixo do tapete. Se não limitarmos a emissão de GEEs a tendência é que estes eventos extremos aumentem”. O desmatamento das florestas tropicais contribui com 20% das emissões globais de gases do efeito estufa. Apesar de ter caído em anos recentes, a destruição da Amazônia responde por 52% das emissões nacionais, colocando a Brasil na posição de 4º maior emissor de gases estufa – o que aumenta a responsabilidade do país para com o futuro do planeta.
Save the planet!

1.12.09

para sempre redwood


Sequoias (ou redwoods) podem chegar a ter 3.500 anos de idade. São árvores gigantes, belíssimas. Escrevi uma reportagem sobre elas para o site O Eco. Para ler, você pode clicar aqui.
Ao ver uma sequoia pela primeira vez, no King’s Canyon National Park, na Califórnia, chorei. A contemplação dela me levou a um mundo de profundo e eterno silêncio, repleto de sabedoria e de paz.



O QUE UMA SEQUOIA JÁ VIU ACONTECER


Nove anos depois da passagem de Jesus Cristo pela Terra, um brotinho de sequoia aparecia no chão.


Vamos agora dar um salto na história e encontrar esta árvore com cerca de 1220 anos. Até 2009, quando completou 2 mil anos de vida, olha só o que ela viu acontecer...


1226: Morre São Francisco de Assis, considerado o santo protetor dos animais e do meio ambiente


1473: Nasce Nicolau Copérnico, o cientista que revolucionou o mundo da astronomia ao descobrir o movimento da Terra em volta do sol


1492: Cristóvão Colombo descobre a América


1500: Brasil é descoberto por Pedro Álvares Cabral


1541: Michelangelo termina de pintar a Capela Sistina, no Vaticano


1564: Nasce Galileu Galilei. O cientista descobriu as manchas solares, as montanhas da lua, satélites de júpiter, anéis de saturno e as estrelas da via láctea


1760: Começa a Revolução Industrial com uso de ferro, carvão, tear mecânico e máquina a vapor


1859: Charles Darwin publica “A Origem das Espécies”


1875: Alexander Graham Bell inventa o telefone


1888: Princesa Isabel assina a Lei Áurea e declara o fim da escravidão no Brasil


1896: Jogos Olímpicos passam a acontecer de 4 em 4 anos


1905: Albert Einstein publica a teoria da relatividade


1914: Começa a Primeira Guerra Mundial


1937: É fundado o primeiro parque nacional do Brasil: o Parque Nacional do Itatiaia


1939: Começa a Segunda Guerra Mundial


1945: Estados Unidos lança uma bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão. No mesmo ano, é criada a Organização das Nações Unidas (ONU), pouco depois de um mês após o fim da Segunda Guerra


1948: Assembléia geral da ONU aprova o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos


1968: Homem chega na lua


1988: Nasce o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)


1989: Chico Mendes é assassinado no mesmo ano em que cai o muro de Berlin


1994: Nelson Mandela é eleito presidente da África do Sul aos 75 anos


2001: Atentado terrorista destrói as Torres Gêmeas, nos Estados Unidos


2004: Tsunami arrasa a Tailândia


2005: Acontece a pior seca da história da Amazônia


2008: Barack Obama é o primeiro presidente negro a ser eleito nos Estados Unidos


2009: Rio de Janeiro é escolhida cidade sede das Ollimpíadas de 2016 – data em que a Sequoia comemorará mais um ano de vida. Com certeza!

Save the redwoods!
Save the planet!

20.11.09

eu quero


Quero praia, sal grosso, mar, maresia, vento na cara, céu estrelado, cachoeira, pé na terra
Quero paz, silêncio, água, pássaros cantando, céu azul, ilhabela
Quero amigos, carinho, árvore, minha amiga redwood, sua caverna
Quero quietude, harmonia, estrela cadente, sol no corpo e na alma, natureza eterna
Quero energia, doar amor, integrar, superar, olhar de cima, observar
Perdoar
Água, terra, fogo e ar
Verdade, amizade, união
Urso, Lobo, Gavião
Águia, bem-te-vi, corvo
Coração
Xamanismo, espiritismo, hinduísmo, espiritualismo cristão
Sequóia, Castanheira, Eucalipto, Ipê, Jacarandá
Alemanha, Rússia, Índia, Austrália 
Estados Unidos, Arábia Saudita, Brasil, Canadá
Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará
Jesus Cristo, Buda, Moisés, Krishna, Jeová
Deus do céu de todas as cores, de todas as nações, de tudo o que existe:
Imagine quando vivermos cada segundo de nossas vidas imersos na profunda verdade...
Somos UM.


Save the planet!

16.11.09

obviedades de encontros sobre mudanças climáticas

Desculpa, tenho uma notícia ruim, óbvia e possivelmente semi-catastrófica.
De acordo com Claudio Angelo em um artigo publicado hoje (16/11) na Folha de São Paulo, "os americanos têm uma palavra bem sonora para definir fiasco: 'flop'. E Copenhague 'flopou'. O premiê dinamarquês Lars Rasmussen jogou a toalha e admitiu que o novo acordo do clima não será firmado no reino da Dinamarca. Aos olhos do mundo, parecerá injusto que picuinhas internas americanas coloquem em risco o futuro de boa parte da humanidade. Mas os EUA são apenas a Geni do processo. Os europeus estão divididos, sem liderança e pressionados pelas próprias picuinhas internas -a resistência dos países mais pobres do Leste, por exemplo. Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia também não querem compromisso, mas se escondem atrás dos EUA. Com um clima desses, é melhor mesmo suspender a reunião e reconvocá-la depois. Resta saber se o planeta pode esperar -e sem garantia de sucesso".
Enquanto diminuição de emissão de carbono for vista como uma barreira diretamente proporcional ao desenvolvimento econômico, não haverá acordo nenhum.
Estamos perdidos?
Save the planet!

11.11.09

viva o apagão


Preciso dizer que adorei o apagão.
Que foi incrível ver tudo escuro na cidade.
Até ontem eu não tinha idéia do quanto a eletricidade provocava sons: televisores, rádios, computadores, música, gente falando...
Como foi bom ouvir o silêncio. Dirigir sobre a ponte que leva à minha casa dando aquela espiadinha para o lado e só enxergar a escuridão.
Cheguei atenta: tinha a triste certeza de que gente que ainda não compreendeu a importância de cultivarmos a solidariedade provavelmente atacaria os indefesos ou distraídos - e foi o que ocorreu. Fico me peguntando qual será a reação do bicho homem quando ele tiver que se virar de novo sem o conforto de luz, água quente, microondas, músicas...
Quando estacionei na garagem, fiz questão de não acender as luzes do celular para encontrar a chave e abrir a porta: sinto necessidade de treinar minha vista para enxergar no breu. Subi as escadas, cheguei ao meu quarto, abri a janela. Respirei fundo com contentamento. Diante da falta de eletricidade, a enlouquecida São Paulo adquiriu o silêncio e a aparente calmaria de uma cidadezinha de interior. Tomei banho gelado. Estava tão divertido.
Antes de cair na cama, olhei de novo pela janela (não quis fechá-la). Um sorriso de contentamento escapou do meu rosto quando percebi, pela primeira vez nas redondezas, um vaga-lume. Foi tão bom vê-lo se destacar entre o preto da paisagem. A vida é simples e tão bonita. Respirei fundo. Deitei feliz.
Save the planet!

18.10.09

espiritismo e ecologia de mãos dadas


Fiquei de cara quando soube que o jornalista André Trigueiro lançou, em setembro, um livro que mescla espiritualidade e meio ambiente. "Espiritismo e Ecologia" é o título da obra que arrancou um sorriso do meu rosto. Porque sou espírita, ambientalista e também porque esse livro é para quem quer abrir a mente e o coração - com o uso da razão, veja bem.

Escrever um livro desses é uma idéia pra lá de sábia e original, ao mesmo tempo em que óbvia para quem vê além: estamos todos conectados. Plantas, minerais, animais, terra, fogo, ar e água, eu e você. Somos parte de um todo muito maior do que imaginamos.

Esta obra veio a calhar. Para os que já perceberam essas conexões com o além, um motivo de alegria e entusiasmo. Para os céticos e aqueles que estão na dúvida, um intrigante desafio ao raciocínio lógico.

"Se a ciência ecológica oferece um amplo espectro de observação, interligando sistemas que variam do micro ao macrocosmo, o Espiritismo desdobra esse olhar na direção do plano invisível, alargando enormemente o campo de investigação", revela o autor. Segundo Trigueiro, "são tantas as afinidades que certas obras espíritas poderiam perfeitamente embasar alguns postulados ecológicos".

É isso aí, Trigueiro.

Save the planet!

10.10.09

Katrina surgiu de fenômenos na Amazônia


Segundo Niro Higuchi, do Inpa, furacão que matou milhares de pessoas em Nova Orleans, nos EUA, foi resultado de fenômenos ocorridos na região amazônica.
Por Daniel Jordano

O fucarão ‘Katrina’, que causou milhares de mortes na região Sul dos EUA, em 2005, foi resultado de uma série de fenômenos climáticos registrados na região amazônica. A afirmação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Niro Higuchi, que ministrou palestra nesta quinta-feira (8) no segundo dia da Cúpula Amazônica de Governos Locais.

“O extremos deste ano não são piores que os extremos de 2005. O fenômeno dos temporais está relacionado com furacão Katrinha. Tivemos o excesso de evaporação aqui na Amazônia, depois o excesso de chuva e maior evaporação no oceano. Para onde foram todos esses vapores? Para Nova Orleans”, afirmou o pesquisador.

Segundo ele, tais fatores não estão isolados. Higuchi lembrou da seca de 2005 e dos fortes temporais que atingiram o estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Amapá no ano seguinte, além da grande cheia deste ano vivida pelos amazonenses – o que, para ele, reflete as alterações no clima em escala global.

Redução de desmatamento
O cientista ressaltou a necessidade de se reduzir o desmatamento na Amazônia para que a região não colabore e nem seja vítima das mudanças climáticas. “A intenção é saber qual é o papel da Amazônia nas mudanças climáticas e como elas podem afetar a região”, disse.

O pesquisador revelou que os desmatamentos na floresta amazônica são responsáveis por aproximadamente 80% da emissão de gases do efeito estufa lançados pelo Brasil na atmosfera.

Siga o Inpa no Twitter
Higuchi destacou a importância da preservação da floresta como fator de equilíbrio climático em regiões do país que tem como principal atividade econômica a produção de alimentos. “44% das chuvas ocorridas na Amazônia vão para as regiões Sul e Sudeste”, destacou.

Lançamento da Carta Manaus
Na ocasião dos debates foi lançado o livro "Governos Locais e as Questões Climáticas Globais", escrito pelo pesquisador Niro Higuchi em colaboração de outros pesquisadores do Inpa. A obra vai servir de base técnica-científica para a elaboração da Carta Manaus, que deve conter as propostas discutidas durante o evento.

A Carta vai ser entregue pelo Governo Brasileiro na Conferência das partes (COP 15), durante a Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece em Copenhagen, na Dinamarca, em dezembro deste ano. Os debates vão resultar na revisão do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e que jamais contou com assinatura de países como os EUA.

Iniciativa
Niro Higuch destacou ainda a iniciativa do Governo Brasileiro em promover as discussões sobre as mudanças climáticas e reafirmou a importância de manter a floresta em pé. “A biodiversidade é a verdadeira riqueza deste país. Se diminuirmos o desmatamento e a emissão de gases do efeito estufa, estaremos preservando essa riqueza para as futuras gerações”, afirmou.
Save the planet!

15.9.09

ações bacanas e viva o dia sem carro!

Hanauma Bay, Hawaii
O Greenpeace organiza, entre 14 e 22 de setembro, uma semana de mobilização pelo clima. Nesse período, oito capitais brasileiras (São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Manaus e Recife) recebem uma série de eventos para lembrar a população de que o aquecimento global é uma realidade e que, para evitar seus piores efeitos, é preciso agir agora.

O período foi escolhido porque coincide com a abertura da 64ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, no dia 15, e com as discussões de alto escalão que se seguem na próxima semana, quando as mudanças climáticas estarão em pauta.

LIMPEZA DE PRAIAS
Dia 19 de setembro (sábado)
A organização participa do Dia Mundial de Limpeza de Praias, em parceria com organizações locais. Oceanos saudáveis cumprem seu papel como regulador climático. Por isso, esta ação tem o apoio do Eco-Repórter-Eco.

Prais que ficarão mais limpas:

Santos, Praia do Sonho (Itanhaém), Salvador (Porto da Barra), Rio de Janeiro (Barra da Tijuca e Copacabana) e Recife.
*
22 de setembro é o dia mundial sem carro
Pelo menos por um dia, utilize um meio de transporte que não polua o meio ambiente - ou que polua menos. Vale patins, skate, ônibus, metrô, bicicleta...

Save the planet!

13.9.09

aquecimento global: não vê quem não quer *


* por Carlos Rittl, especialista em questões climáticas

Ainda há os que neguem, os que duvidem e os que acham aquecimento global uma grande bobagem. Mas há muita gente que acredite nisso, que considere este fator o maior desafio ambiental e de desenvolvimeto deste século. Eu estou entre eles e, por esta razão, estou trabalhando com o tema. Alguns fatos abaixo.

O próprio Governo Bush, que durante anos financiou pesquisas para provar que o aquecimento global era provocado por ciclos naturais e manter suas políticas favorecendo o imenso lobby do petróleo que existe nos Estados Unidos reconheceu, em 2005 ,que as mudanças climáticas eram conseqüência de atividades humanas. Antes do último relatório do IPCC, lançado em 2007, afirmava de forma categórica que as mudanças climáticas são provocadas pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

O IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - não é exatamente um grupo fechado. São 1500 cientistas, de várias especialidades, do mundo inteiro. Isso não representa extamante um clube hermético, alheio à diversidade de opiniões. Neste seleto grupo, há pelo menos 12 cientistas brasileiros como autores principais de algum dos temas de um dos grupos de trabalho do Painel, incluindo cientistas do INPA, INPE, USP, UFRJ, EMBRAPA, UNICAMP, FIOCRUZ, dentre outros.

Todos os cientistas autores principais ou co-autores são conhecidos, têm seus nomes citados como colaboradores dos relatórios, além de sua filiação institucional. Além disso, também compõem o IPCC representantes de todos os governos que fazem parte das Nações Unidas ou da Organização Meteorológica Mundial. Seus relatórios de avaliação são construídos a partir do último conhecimento sobre os temas, ao longo de um processo cuidadoso de consulta e redação que leva vários anos.

O último relatório demorou 6 anos para ser aprovado pelo painel por consenso. E antes de publicados, os relatórios são abertos para consulta e revisão de cientistas do mundo inteiro. O cadastramento é livre. Eu recebi um dos volumes do último relatório do IPCC, publicado em 2007, ainda em 2006, após cadastramento no processo de revisão. Outros nesta lista poderão fazer o mesmo na edição do próximo relatório (AR5), caso tenham questionamento sobre seu conteúdo.

Alguns dados. Hoje em dia morrem por ano mais de 300,000 pessoas por conseqüência de eventos climáticos extremos em todo o mundo. E 300 milhões são afetadas por estes eventos. Isto não foi o IPCC quem disse. São dados mundiais organizados em relatório do Global Humanitarian Forum, cujo presidente é o Ex-Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Anan. As projeções são de que até 2030, cerca de 500 mil pessoas morram por ano, por conta da intensificação e maior freqüência destes eventos.

O relatório Stern, publicado em 2006, mostrou que as mudanças climáticas poderiam provocar uma perda de 20% do PIB mundial em algumas décadas. Eu considero estes dados no mínimo capazes de provocar alguma reflexão sobre de que dimensão de problema estamos falando, mas não são apenas órganizações que tratam de questões humanitárias que se preocupam com o tema. O setor privado também se preocupa. As seguradoras são um exemplo disso. A partir de 2005, com perdas estimadas em US$ 60 bilhões, começaram a contabilizar as mudanças climáticas, desenvolver estudos e orientar seus negócios e produtos a partir de cenários de mudanças climáticas.

Em 2009, estima-se que o Brasil tenha prejuízos de R$ 50 bilhões por causa de extremos climáticos, como os observados no sul, norte e nordeste. São apenas alguns fatos e números. Podem não convencer os céticos, mas há muita gente convicta de que o problema é sério e que devemos, cada um de nós, fazer algo a respeito. Eu estou nesta lista.

Save the planet!

2.9.09

marina silva - yes, we can! - part II


Artigos interessantes que encontrei por aí:


Quando achar mais, publico.
Vamos refletir sobre isso.
Seria de fato algo bem inusitado na história do Brasil ter Marina como presidente.
Pelo menos eu, Karina, dormiria mais sossegada em relação a políticas torpes voltadas à Amazônia que hoje tiram meu sono.
Você votaria na Marina?
Save the planet!

empresas e seus compromissos pelo clima *


O Fórum Amazônia Sustentável, Vale, Instituto Ethos, Jornal Valor Econômico e Globonews lideraram o seminário “Brasil e as Mudanças Climáticas: Oportunidades para uma Economia de Baixo Carbono”, realizado no dia 25 de agosto em São Paulo. O evento reuniu empresários, governo e ONGs para um debate sobre as perspectivas do setor produtivo nacional ante o desafio de estabelecer no país uma economia com menos emissão de gases do efeito estufa que causam o aquecimento global.

Líderes de entidades e empresas debateram compromissos e propostas do Brasil para as discussões da Conferência de Copenhague, em dezembro. Na ocasião, o setor privado lançou uma Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas, onde empresas signatárias se comprometem a realizar inventários de emissões de gases poluentes e criar mecanismos para orientar o desenvolvimento na perspectiva de uma economia de baixo carbono.
O documento também cobra do governo federal o estabelecimento de metas internas de redução de gases estufa e a implementação de políticas públicas para as mudanças climáticas. Entre elas, a publicação de estimativas anuais de emissões capazes de orientar a sociedade na redução dos gases nocivos ao clima e agilidade nos processos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para facilitar o ingresso de tecnologias limpas no país.

No campo internacional, os líderes pedem que o Brasil retome seu papel de liderança nas negociações de dezembro, em Copenhague, durante a Conferência do Clima – COP 15. Um dos quesitos citados no documento refere-se ao mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação – REDD. O mecanismo prevê recursos para quem reduzir o desmatamento ou ajudar a preservar a floresta com iniciativas de conservação e uso sustentável.

O presidente do Ethos, Ricardo Young, afirmou que "a visão da sociedade está mudando e vem exigindo mais responsabilidade social dos empresários, principalmente na questão das mudanças climáticas”. Para ele, as empresas precisam enquadrar-se no novo modelo econômico que se desenha a partir do cenário climático mundial. Para Young, as mudanças climáticas são um desafio, mas também uma oportunidade de negócios. “Aqueles que agirem de maneira a proteger os recursos naturais e amenizar o aquecimento global estarão anos-luz à frente no mercado”. Para o diretor presidente da Vale, Roger Agnelli, as empresas que não tiverem preocupação ambiental serão cobradas. “Elas terão de pagar essa conta mais à frente”, disse.

“Carta histórica”
Para Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e membro da Comissão Executiva do Fórum Amazônia Sustentável, o compromisso do setor privado influi de modo decisivo na diplomacia brasileira em relação ao posicionamento do Brasil na COP 15.

“Trata-se de uma carta histórica”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou do seminário e prometeu que o Brasil levará para Copenhague metas claras de redução interna em suas emissões.

O embaixador Luiz Figueiredo Machado – principal negociador brasileiro para a discussão das mudanças climáticas na ONU – disse que a atual crise climática requer uma resposta imediata não apenas do Brasil, mas de todo o mundo. Para ele, o processo de revisão mundial sobre os padrões de sustentabilidade está apenas começando.

Apesar do otimismo, o líder do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, disse que as mudanças são necessárias para um novo modelo de desenvolvimento com base sustentável, mas que, entre firmar compromisso público e implementar as mudanças, há um grande caminho a percorrer. Para Rubens, a emergência da questão climática requer medidas concretas e a sociedade precisa acompanhar os compromissos assumidos.
*Fórum Amazônia Sustentável
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5.8.09

Um círculo vicioso mortal


Por Leonardo Boff*

Estamos todos sentados em cima de paradigmas civilizacionais e econômicos falidos. É o que nos revela a atual crise global com suas várias vertebrações. Nada de consistente se apresenta como alternativa viável a curto e a médio prazo. Somos passageiros de um avião em vôo cego. O que se oferece, é fazer correções e controles à la Keynes, que, no fundo, são mudanças no sistema mas não do sistema. Mas é este sistema que comparece como insustentável, incapaz de oferecer um horizonte promissor para a humanidade. Por isso, a demanda é por um outro sistema e um outro paradigma de habitar este pequeno, velho, devastado e superpovoado planeta.

É urgente porque o tempo do relógico corre contra nós e temos pouca sabedoria e parco sentido de cooperação.Em razão dos interesses dos poderosos que não fazem o necessário para evitar o fatal, as soluções implementadas mundo afora vão na linha de “mais do mesmo”. Mas isso é absolutamente irracional pois foi esse “mesmo” que levou à crise que poderá evoluir para uma tragédia completa.

Estamos, pois, enredados num círculo vicioso letal. Dois impasses estão à vista, gostem ou não os economistas, “os salvadores” do mundo: um humanitário e outro ecológico. O primeiro é de natureza ética: a consciência planetária, surgida à deriva da globalização, suscita a pergunta: quanto de inumanidade e de crueldade aguenta o espírito humano ao verificar que 20% das pessoas consome 80% de toda a riqueza da Terra, condenando o resto à cruz do desespero, encurralada nos limites da sobrevivência? Esta aceitará o veredito de morte sobre ela? Ela resiste, se indigna e, por fim, se rebelará por instinto de sobrevivência.

O ideal capitalista de crescimento ilimitado num planeta limitado parece não ser mais proponível ou só sob grande violência.O segundo é o limite ecológico. O capitalismo criou a cultura do consumo e do desperdício cujo protótipo é a sociedade norte-americana. Generalizar esta cultura – cálculos foram já feitos – precisar-se-iam de duas ou mais Terras semelhantes à nossa, o que torna o propósito irrealizável. Por outra parte, encostamos nos limites dos recursos e serviços da Terra e os ultrapassamos em 40%. Todas as energias alternativas à fóssil, mantido o atual consumo, atenderia somente 30% da demanda global. Como se depreende, dentro do mesmo modelo, somos um sapo sendo lentamente cozido sem chances de saltar da panela.

Há três propostas criativas: a da economia solidária que não mais se guia pelo objetivo capitalista da maximização do lucro e de sua apropriação individual. A do escambo com as moedas regionais. A terceira é a da biocivilização e da Terra da Boa Esperança, do economista polonês que dirige um centro de pesquisa sobre o Brasil em Paris: Ignacy Sachs. Ela confere centralidade à vida e à natureza, tendo o Brasil como o lugar de sua antecipação. As três são possíveis mas não acumularam ainda força suficiente para ganhar a hegemonia.

Talvez elas nos poderiam salvar. Mas teremos tempo hábil? Bem dizia Gramsci: “o velho não acaba de morrer e o novo custa em nascer”. Não se desmonta uma cultura de um dia para outro. Quem está acostumado a comer bife de filé dificilmente se resignará a comer ovo.

Meu sentimento do mundo diz que vamos ao encontro de uma formidável crise generalizada que nos colocará nos limites da sobrevivência. Chegando a água ao nariz, faremos tudo para nos salvar. Possivelmente seremos todos socialistas, não por ideologia mas por necessidade: os parcos recursos naturais serão repartidos equanimemente entre os humanos e os demais viventes da comunidade de vida.

Santo Agostinho sabiamente ensinou que dois fatores ocasionam em nós grandes transformações: o sofrimento e o amor. Devemos aprender já agora a amar e a sofrer por esta única Casa Comum a fim de que possa ser uma grande Arca de Noé que albergue a todos. Então será, sim, a Terra da Boa Esperança, um sinal de um Jardim do Éden ainda por vir.

* Leonardo Boff é autor de Comer e beber juntos e viver em paz. Vozes 2008
Save the planet!

18.7.09

últimas notícias

Olá, caros amig@s!
O desaparecimento dos posts se deve a uma razão: o artigo de Miriam Leitão é tão absolutamente real e importante que achei melhor deixá-lo em destaque por mais tempo.
A seguir, notícias recentes:

FSP, 17/7
Minc diz que desmatamento em 2009 será o menor em 20 anos Ao falar na biodiversidade Amazônia em sua conferência na SBPC, Minc estava empolgado. "Os próximos dados de desmatamento da Amazônia [que devem sair em mais alguns meses apenas] vão mostrar a menor taxa dos últimos 20 anos", afirmou. Sobre o impasse ao acesso à diversidade biológica, que há anos atrapalha as pesquisas científicas, Minc disse que o novo projeto de lei -hoje o assunto é tratado em Medida Provisória- deve ser encaminhado ao Congresso em regime de urgência em dois meses. "A obtenção de licenças será um processo de dupla entrada. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) vai trabalhar em conjunto com o sistema Sisbio, hoje monitorado pelo Instituto Chico Mendes, do MMA. Tudo será feito para que ocorram mais pesquisas e de forma mais rápida. Passou o tempo de que os ambientalistas viam todos os cientistas como biopiratas."
*
Pelo menos 18 milhões de cabeças do rebanho bovino de Mato Grosso, que soma 26 milhões, estão no bioma amazônico. São 71 mil propriedades e 29 indústrias frigoríficas na área, com capacidade de abate diário de 23,6 mil cabeças, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Um boicote à carne da região traria perdas para toda a cadeia e para o Estado, diz a Acrimat.

*
Os produtores de Mato Grosso querem discutir a expressão Amazônia Legal e regras claras para as ações desenvolvidas naquela área. Do contrário, corre-se o risco de serem tomadas ações sem nenhuma consistência científica no Estado, segundo Vicente Falcão, da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso).

Amazônia.org.br:

Frigoríficos ficarão livres da cobrança de PIS e Cofins
Acordo firmado pelo MPF com frigoríficos é explicado a pecuaristas
Florestas são estratégia mais viável para sequestro de carbono, diz pesquisador

Envolverde:
BR-319 só sai com cumprimento integral das condições ambientais, diz Carlos Minc
Fundo Amazônia aprova primeiros R$ 45 milhões

OESP, 17/7
Obra da Usina de Jirau é retomada A manifestação dos moradores da reserva Floresta Nacional de Bom Futuro (RO), que bloqueava a estrada que dá acesso às obras da Usina de Jirau, do Rio Madeira, foi encerrada na quarta-feira. Segundo a Política Militar de Rondônia, cerca de 900 pessoas deixaram o local após o governo e a superintendência do Ibama no Estado anunciarem um acordo sobre a pauta de reivindicação dos manifestantes.

O Globo, 17/7
Grandes empresas têm um ano para deixar de oferecer sacolas plásticas Grandes empresas do Rio de Janeiro terão, até 15 de agosto de 2010, de parar de usar sacolas plásticas que não sejam biodegradáveis. Foi sancionada ontem pelo governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, a lei estadual que regula a utilização do produto. Empresas de médio porte terão prazo de dois anos para deixar de oferecer as sacolas plásticas e as micro e pequenas empresas, três anos. Quem descumprir a legislação terá que dar desconto para os clientes ou aceitar trocar as sacolas, mesmo as não produzidas pela loja, por alimentos. Os estabelecimentos também terão que colocar avisos informando que o material plástico leva mais de cem anos para se decompor. As multas por descumprimento da nova lei podem chegar a 10 mil Ufirs. No país são produzidos por ano 12 bilhões de sacolas plásticas, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O Globo, 12/7
O Ministério Público Federal (MPF) está investigando o comércio ilegal de madeira no Pará. A operação é liderada pelo procurador Bruno Soares Valente, que já listou 113 empresas fantasmas no estado. Estão na mira da Justiça um total de três mil empresas, entre pequenas, médias e grandes do setor madeireiro. Subtraída de terras indígenas ou unidades de conservação federais, a madeira passa por um processo de "esquentamento", que dá ao produto uma aparência 100% legal. Depois de "esquentada", ela entra na cadeia produtiva e vai parar no estoque de gigantes do setor moveleiro e de construção civil de Estados Unidos, Europa e Ásia, além do que fica no mercado interno. O Pará é hoje o maior exportador de madeira tropical do país. No próximo mês, a Procuradoria vai apresentar a denúncia.

*
Chegou a 21 mil metros cúbicos o volume de madeira ilegal apreendida no primeiro semestre pelo Ibama, apenas no Pará. A madeira apreendida na Operação Caça-fantasma é suficiente para encher a carroceria de 525 caminhões. Caso esses veículos fossem enfileirados, daria para ocupar toda a extensão da ponte Rio-Niterói, que tem 13 quilômetros de comprimento. Em 2008, as multas aplicadas pelo Ibama atingiram R$ 400 milhões. Este ano, até junho, já chegam a R$ 560 milhões. Nem o Ministério Público Federal (MPF) nem o Ibama arriscam calcular o volume de negócios gerado pelo comércio ilegal de madeira no Pará. Caso essa madeira ilegal não fosse interceptada, acabaria entrando na cadeia produtiva e sendo exportada pelo Porto de Belém.

OESP, 11/7
O Ministério da Agricultura vai investir R$ 1 milhão na implantação de um sistema de geomonitoramento por satélite para a fiscalizar o desmatamento de áreas preservadas e fazer o rastreamento de gado no Pará. O sistema será implantado até o final do ano, inicialmente, no Sul e Leste do Estado, área na qual o desmatamento é considerado mais crítico, informou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O custo anual de manutenção do sistema de R$ 2,5 milhões será bancado inicialmente pelo Ministério, mas nos anos seguintes deverá ser dividido com produtores, frigoríficos, e o BNDES, que também participa do projeto. Um ano depois da primeira fase de implantação do projeto, a expectativa é a de que todo o Pará já tenha a cobertura do sistema, elaborado pela Embrapa.


O Globo, 11/7
O projeto de asfaltamento da BR-319, que atravessa a Amazônia ligando Porto Velho a Manaus, provocou mais uma briga entre ministérios do governo Lula. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, determinou sexta-feira que o Dnit recorra à Justiça contra a decisão do Ibama de não conceder licença ambiental para a pavimentação da BR. Em São Paulo, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que está preparado para enfrentar as pressões do Ministério dos Transportes e de outros setores do governo pela autorização para uma obra prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A equipe de Alfredo Nascimento considera que o Ibama exagerou nas críticas ao estudo de impacto ambiental da rodovia, encomendado pelo Dnit. Técnicos do Dnit estão fazendo uma análise do relatório do Ibama para preparar a contestação.

FSP, 12/7
As línguas indígenas em risco de extinção são o tema de um
site produzido pela Editoria de Treinamento da Folha. Um mapa interativo mostra a distribuição de 190 línguas indígenas do Brasil -algumas delas extintas. O mapa é complementado por textos, fotos e vídeos. Há também conteúdo multimídia sobre os Akuntsu, Kanoê e Ka'apor, que praticam a única língua de sinais indígena catalogada no Brasil. No site, há depoimentos dos últimos falantes do Poyanawa e um vídeo sobre a escola de sua aldeia. Também há um documentário sobre os poliglotas de São Gabriel da Cachoeira (AM), a Babel brasileira. Podem-se ainda ouvir palavras em Xipaya.
Save the planet!

8.6.09

com muito pesar, mp 458

A INSENSATEZ
Coluna de Miriam Leitão, O Globo, Sexta 5/jun
O confronto entre ruralistas e ambientalistas é completamente insensato. Mesmo se a questão for analisada apenas do ponto de vista da economia, são os ambientalistas quem têm razão. Os ruralistas comemoram vitórias que se voltarão contra eles no futuro. Os frigoríficos terão que provar aos supermercados do Brasil que não compram gado de áreas de desmatamento.
O mundo está caminhando num sentido, e o Brasil vai em direção oposta. Em acelerada marcha para o passado.
O debate, as propostas no Congresso, a aprovação da MP 458, os erros do governo, a cumplicidade da oposição, tudo isso mostra que a falta de compreensão é generalizada no país.
A fritura pública do ministro Carlos Minc, da qual participou com gosto até o senador oposicionista Tasso Jereissati (PSDB-CE), é um detalhe. O trágico é a ação pluripartidária para queimar a Amazônia.
Até a China começa a mudar. Nos Estados Unidos, o governo George Bush foi para o lixo da história. O presidente Barack Obama começa a dirigir o país em outro rumo. Está tramitando no Congresso americano um conjunto de parâmetros federais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O que antes era apenas um sonho da Califórnia, agora será de todo o país.
Neste momento em que a ficha começa a cair no mundo, no Brasil ainda se pensa que é possível pôr abaixo a maior floresta tropical do planeta, como se ela fosse um estorvo.
A MP 458, agora dependendo apenas de sanção presidencial, é pior do que parece. É péssima. Ela legaliza, sim, quem grilou e dá até prazo. Quem ocupou 1.500 hectares antes de primeiro de dezembro de 2004 poderá comprá-la sem licitação e sem vistoria. Tem preferência sobre a terra e poderá pagar da forma mais camarada possível: em 30 anos e com três de carência. E, se ao final da carência quiser vender a terra, a MP permite. Em três anos, o imóvel pode ser passado adiante. Para os pequenos, de até quatrocentos hectares, o prazo é maior: de dez anos. E se o grileiro tomou a terra e deixou lá trabalhadores porque vive em outro lugar? Também tem direito a ficar com ela, porque mesmo que a terra esteja ocupada por "preposto" ela pode ser adquirida. E se for empresa? Também tem direito.
Os defensores da MP na Câmara e no Senado dizem que era para regularizar a situação de quem foi levado para lá pelo governo militar e, depois, abandonado.
Conversa fiada. Se fosse, o prazo não seria primeiro de dezembro de 2004.
Disseram que era para beneficiar os pequenos posseiros. Conversa fiada. Se fosse, não se permitiria a venda ocupada por um preposto, nem a venda para pessoa jurídica.
A lei abre brechas indecorosas para que o patrimônio de todos os brasileiros seja privatizado da pior forma. E a coalizão que se for$a favor dos grileiros é ampla. Inclui o PSDB. O DEM nem se fala porque comandou a votação no Senado, através da relatoria da líder dos ruralistas, Kátia Abreu.
Mais uma vez, Pedro Simon (PMDB-RS), quase solitário, estava na direção certa.
A ex-ministra Marina Silva diz que o dia da aprovação da MP 458 foi o terceiro pior dia da vida dela.
"O primeiro foi quando perdi meu pai, o segundo, quando Chico Mendes morreu" desabafou.
Ela sente como se tivesse perdido todos os avanços dos últimos anos.
Minha discordância com a senadora é que eu não acredito nos avanços. Acho que o governo Lula sempre foi ambíguo em relação ao meio ambiente, e o governo Fernando Henrique foi omisso. Se tivessem tido postura, o Brasil não teria perdido o que perdeu.
Só nos dois primeiros anos do governo Lula, 2003 e 2004, o desmatamento alcançou 51 mil Km. Muitos que estavam nesse ataque recente à Floresta serão agora "regularizados".
O Greenpeace divulgou esta semana um relatório devastador. Mostrando que 80% do desmatamento da Amazônia se deve à pecuária. A ONG deu nome aos bois: Bertin, Marfrig, JBS Friboi são os maiores. O BNDES é sócio deles e os financia. Eles fornecem carne para inúmeras empresas, entre elas, as grandes redes de supermercados: Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar.
Reuni ontem no programa Espaço Aberto, da Globonews, o coordenador do estudo, André Muggiatti e o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda. O BNDES não quis ir.
A boa notícia foi a atitude dos supermercados. Segundo Sussumu Honda, eles estão preocupados e vão usar seu poder de pressão contra os frigoríficos, para que eles mostrem, através de rastreamento, a origem do gado cuja carne é posta em suas prateleiras.
Os exportadores de carne ameaçam processar o Greenpeace. Deveriam fazer o oposto e recusar todo o fornecedor ligado ao desmatamento. O mundo não comprará a carne brasileira a esse preço. Os exportadores enfrentarão barreiras. Isso é certo.
O Brasil é tão insensato que até da anêmica Mata Atlântica tirou 100 mil hectares em três anos.
Nossa marcha rumo ao passado nos tirará mercado externo. Mas isso é o de menos. O trágico é perdermos o futuro. Símbolo irônico das nossas escolhas é aprovar a MP 458 na semana do Meio Ambiente.

*
por Marina Silva
A aprovação da Medida Provisória (MP) 458/08, semana passada, no Plenário do Senado, foi o terceiro momento mais triste da minha vida. O primeiro foi quando, ainda adolescente, perdi minha mãe, duas de minhas irmãs e meu tio, num curto espaço de tempo. O segundo foi quando assassinaram Chico Mendes. Agora, meu luto é pela Amazônia.
A MP 458, que está nas mãos do presidente Lula, vai regularizar a posse de 67 milhões de hectares de terra na Amazônia, um patrimônio nacional superior a 70 bilhões de reais, considerando apenas a terra nua. O problema é que, a título de legalizar a situação dos pequenos agricultores, dos posseiros de boa-fé, cujos direitos estão salvaguardados pela Constituição, os maiores beneficiados serão os grileiros, aqueles que cometeram o crime de apropriação de terras públicas e estão por trás da exploração fundiária irregular, da violência e do desmatamento ilegal.
Enviei carta aberta ao presidente pedindo veto a três artigos da MP, o 2º, o 7º e o 13º. Ainda que não conserte todo o mal que ela causa, a supressão desses dispositivos pode amenizar alguns de seus efeitos.
O primeiro veto que proponho é para impedir a regularização das terras ocupadas por prepostos (laranjas), o que está previsto nos incisos II e IV do artigo 2º e no 7º, uma vez que eles possibilitam a legalização de terras griladas, permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas, para quem já possui outras propriedades rurais e para a ocupação indireta. Essa forma de ocupação e exploração não deve ser beneficiada, pois desconsidera os critérios de relevante interesse público e da função social da terra.
Já o artigo 13 deve ser vetado para impedir a exclusão de vistoria prévia, procedimento fundamental para identificar a natureza da ocupação e, principalmente, a existência de situações de conflito na área a ser regularizada. Isso, em muitos casos, pode significar a usurpação de direitos de pequenos posseiros isolados, com dificuldade de acesso à informação, de mobilidade e de reivindicação de seus direitos.
Outro pedido que consta da carta aberta enviada ao presidente Lula é de que todo o processo de regularização fundiária seja caracterizado pela transparência e assegure a efetiva participação da sociedade civil, notadamente os representantes dos segmentos ambiental, acadêmico e agrário.
Se o presidente nada fizer, não serão os ambientalistas a sair perdendo, mas o Brasil. O que está em jogo é a vida de milhões de pessoas e a conservação da floresta - uma vez que a grilagem já demonstrou ser o primeiro passo para a devastação ambiental. E não só eu que o diz. Para o Procurador Federal no Estado do Pará, Dr. Felício Pontes, "a MP 458/08 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, no combate à grilagem de terras."
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 1.377 pessoas estão ameaçadas de morte na Amazônia, entre as quais juízes, procuradores e lideranças que dedicaram a vida à causa da justiça, da lei e da proteção ao patrimônio do povo brasileiro. De 1999 a 2008 ocorreram 5.384 conflitos de terra na região, com 253 assassinatos e 256 tentativas de assassinato.
A MP 458 não foi o único grande retrocesso na legislação ambiental brasileira. Tivemos ainda a edição do Decreto 6848/08, que estipulou um teto para a compensação ambiental, ou seja, independente do prejuízo causado ao meio ambiente, o responsável pelos danos não irá desembolsar mais do 0,5% do valor total da obra; a modificação, após cinco meses de sua edição, do Decreto 6514/08, que exigia o cumprimento da legislação florestal; e a revogação da legislação que protegia as cavernas brasileiras. Para piorar, corremos o risco de ver alterada toda a legislação ambiental do País, por meio de uma proposta apresentada pela bancada ruralista na semana passada, que claramente quer expandir para o Brasil a legislação antiambiental aprovada recentemente em Santa Catarina.
Está com o presidente a decisão de impedir um dos maiores retrocessos na história da luta pela preservação das florestas e pela justiça ambiental no Brasil. No Dia Mundial do Meio Ambiente, 31 organizações da sociedade civil reforçaram, em nota pública, "repúdio à tentativa de desmonte do arcabouço legal e administrativo de proteção ao meio ambiente arduamente construído pela sociedade brasileira". Esta manifestação corresponde às análises que os formadores de opinião e a mídia vêm externando e ao sentimento da população captado por pesquisas de opinião. Cabe agora ao presidente Lula avaliar e agir, enquanto é tempo.


SAVE THE AMAZON!
SAVE THE PLANET!

3.6.09

parece que algumas mudanças estão acontecendo!


OESP, 3/6
O perseguidor ambicioso que se diz perseguido
O comparecimento do empresário americano Philip Marsteller para se defender esquentou a audiência pública em que a Comissão da Amazônia da Câmara discutia a descoberta de um laboratório biológico clandestino num hotel, em Barcelos (AM). Dono do negócio, Marsteller disse que é perseguido, negou que esteja fazendo biopirataria e afirmou que o empreendimento é sustentável. A descoberta do laboratório foi em março em inspeção no hotel Rio Negro Lodge, de Marsteller e sua mulher, a brasileira Ruth Reis. Foram achados equipamentos importados sem licença, animais silvestres em cativeiro, madeira sem origem e uma draga para extração de areia, além de dois besouros ameaçados de extinção embalados para exportação de forma ilegal. O empresário responderá a processo e corre o risco de ser expulso do País.
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CB, 3/6
Boca no trombone
"Na maré de más notícias que ronda o Congresso Nacional, o conjunto de medidas antiambientais em pauta é mais uma, e das mais graves. Com uma folha corrida de escândalos que confrontam princípios éticos, a opção pelo desenvolvimento de qualquer jeito, agregado a uma visão patrimonialista dos bens públicos, é outra face da mesma moeda. O Congresso caminha na contramão da história ao promover o desmonte da legislação ambiental, por meio de decisões que, claramente, fazem parte do sistema de barganhas que antecedem as eleições do ano que vem. Adotar uma agenda positiva em prol da sustentabilidade seria a forma de os parlamentares mostrarem que o Congresso não está se lixando para os 98% de brasileiros que, segundo pesquisa Datafolha, são contra o estímulo ao desmatamento. A atual prioridade dada ao desmantelamento da legislação ambiental deixará como marca dessa legislatura o legado da insustentabilidade futura do país", artigo de Adriana Ramos.
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O Globo, 3/6
Lula quer calar o ministro do meio ambiente. Hum...por que será?
O presidente Lula mandou avisar ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que não tolera críticas públicas entre ministros. Ele disse que colocará um ponto final na algazarra quando retornar ao país. Lula convocou Minc para uma reunião amanhã. Eles terão uma conversa decisiva, segundo um assessor. "Você vai perceber que na sexta-feira já não teremos mais problema de divergências", disse, durante visita à Guatemala. "Toda a vez que o pai sai de casa, a meninada faz algazarra mais do que deveria".
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OESP, 3/6
Resposta do Minc e conclusões por trás do bafafá
"Logo depois da conversa com Lula, Minc explicou que não ameaçou deixar o cargo, 'apenas' disse que não poderia defender o País se o presidente não fortalecesse politicamente a sua pasta. Argumento bastante lógico. E convincente, não fora o fato de Minc ter sido chamado exatamente porque, como secretário de Meio Ambiente no Rio, foi 'flexível' na concessão de licenças ambientais. Não foi convidado para 'aprofundar' a política de Marina nem para privar da autonomia que desgastara a antecessora. A política pertence ao presidente, está definida e as razões de Minc, por mais corretas e meritórias, não se sobrepõem aos interesses em jogo no exercício do poder. As regras estão postas, obedecem à dinâmica do chefe. Do ministro o governo espera que se atenha ao papel para o qual foi escalado e seja um bom figurante", coluna de Dora Kramer.
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OESP, 3/6
Até que enfim a pressão está aumentando, tem que mudar de postura né, BNDES? Tomara que não seja greenwashing
O BNDES quer incentivar investimentos ambientalmente sustentáveis e melhorar a capacidade de análise de sustentabilidade ambiental de projetos. "Vamos investir em empresas que compensem emissão de carbono, vamos fazer um fundo de saneamento e espero que também um fundo de florestas", disse Sérgio Weguelin, superintendente da nova área de Meio Ambiente da instituição. Criada em março, conta com quatro departamentos. "Se tudo der certo, seremos o maior fundo do mundo. O fundo poderá desembolsar US$ 2 bilhões por ano", disse Weguelin.
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FSP, 2/6
Pois é, parece que estão tentando botar ordem na casa. Resta saber se a indenização será paga
O Ministério Público Federal no Pará ajuizou ontem um pacote de ações pedindo uma indenização total de R$ 2,1 bilhões de pecuaristas e frigoríficos que comercializaram gado criados em fazendas desmatadas ilegalmente. São 21 ações civis públicas, cada uma se refere a uma área diferente, a maior parte no sudeste do Estado. Juntas, têm 157,1 mil hectares de mata derrubada sem autorização. Nove são da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, ligada ao grupo Opportunity. O frigorífico Bertin também é processado, assim como ao menos outros dez. O órgão recomendou a 69 empresas, clientes dos frigoríficos, que parem de comercializar com eles. Dentre elas, estão: Pão de Açúcar, Wal-Mart, Carrefour. A Perdigão também foi apontada como compradora. O Ministério Público quer que elas passem a dizer, nos rótulos dos produtos vendidos, que eles foram feitos a partir de bois da Amazônia.
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OESP, 2/6
1+1=2. Está mais do que na hora da causa número 1 de destruição da linda Amazônia ser exaustivamente discutida por todos os setores da sociedade
O Greenpeace acusou ontem o governo brasileiro de financiar e lucrar com o desmatamento da Amazônia. O BNDES é sócio de empresas frigoríficas que, segundo a ONG, têm como fornecedores fazendas que derrubaram floresta recentemente. Entre 2007 e 2009, as cinco maiores empresas do setor, responsáveis por mais da metade das exportações brasileiras de carne, receberam US$ 2,6 bilhões do BNDES em troca de ações. O banco tem 27% de participação na Bertin; 14% na Marfrig e 14% da JBS-Friboi, os três maiores frigoríficos. Em nota, a Bertin afirma que "todos os seus fornecedores são legais". O Greenpeace comparou o desenho das fazendas com dados de satélite de desmatamento recente. Mais de cem foram multados desde 2006. Segundo a ONG, pelo menos uma fazenda que forneceu carne a frigoríficos está instalada ilegalmente na Terra Indígena Apyterewa, no Pará.
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OESP, 2/6
O Minc está me surpreendendo
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reagiu ontem à divulgação do relatório do Greenpeace. Ele ressaltou que o BNDES não financiará frigoríficos que comprem carne de pecuaristas que estão desmatando ilegalmente. Minc apontou que os pecuaristas foram os únicos a não firmar um acordo com o ministério, ao contrário dos produtores de soja, madeira e minério. "Temos uma lista de 105 frigoríficos e dos fornecedores de cada um deles. Vamos ver um por um. O frigorífico é corresponsável por crimes cometidos por fornecedores. Quem comprar carne ilegal não receberá recursos do BNDES".
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OESP, 2/6
Pode ter certeza que o governo brasileiro entrou em alerta por causa do que saiu da boca do ex-presidente americano
"Convidado de honra do Ethanol Summit 2009, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse que o Brasil ainda precisa provar para o mundo que é capaz de produzir combustível renovável de forma sustentável. "Se o mundo resolver importar mais etanol poderemos aumentar a devastação da Amazônia", disse Clinton. Ele destacou que 75% da emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa no Brasil decorre da agricultura e do desmatamento - número que coloca o País em oitavo lugar no ranking de emissões, ao lado de China e Índia. "Se a importação de etanol aumentar, o País terá de elevar o plantio da cana em áreas de pastagem, o que vai empurrar a soja e o gado para a Amazônia".
Save the planet!

2.6.09

a crise chegou em carlos minc *


* DIRETO DO ISA


Projeto retira poderes da União na área ambiental
Um projeto elaborado pela bancada ruralista, que será apresentado nesta semana pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), consolida o atual Código Florestal e as leis ambientais em um único Código Ambiental. A proposta revoga o Código Florestal, a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei de Crimes Ambientais, as normas sobre poluição ambiental, as regras sobre o zoneamento ecológico-econômico e parte da Lei 9.985/2000 - a que confere ao poder público o direito de criar unidades de conservação. Um dos pontos polêmicos é a transferência a Estados e municípios da prerrogativa de fixar o tamanho das áreas de proteção permanente, o que hoje é atribuição da União. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu reagir, mobilizando parlamentares e ONGs para impedir que a legislação mude. Segundo Minc, só cerca de 30% dos dispositivos da proposta são aproveitáveis - OESP, 1/6, Vida, p.A14.

Crise entre Minc e ministros preocupa Planalto
Os ataques do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a colegas de Esplanada e ao PAC passou a preocupar o Planalto, que teme que a crise contamine o anúncio, pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), do 7º balanço parcial das obras, previsto para a próxima quarta-feira. Anteontem, Minc disse que estava impedido "eticamente" de conceder licença ambiental para a pavimentação da BR-319 e a construção de hidrelétricas no Rio Araguaia, ações prioritárias do programa. Assessores do governo avaliam que o tom das críticas de Minc reacendeu o interesse pela solenidade ao pôr em xeque até mesmo os "bem elaborados" selos de classificação do andamento das obras do PAC. No último levantamento do PAC, as obras da BR-319 ganharam selo verde, por estarem em situação adequada, na avaliação dos técnicos - OESP, 30/5, Nacional, p.A9.

'Disse a Lula que estou debaixo de pancada'
Na conversa que teve com o presidente Lula sobre as sucessivas derrotas de sua pasta, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não vai liberar a obra da BR-319 (Manaus-Porto Velho) sem o cumprimento de normas para evitar o desmatamento ao redor da estrada. "O ministro (dos Transportes) Alfredo Nascimento, que vai concorrer ao governo do Amazonas e tem um prazo por causa da chuva e da empreiteira, quer que essas dez condições sejam cumpridas depois da licença. Se não cumprir, não assino. O presidente disse que respeita e ia comunicar ao ministro". Outra questão que preocupa Minc é a pressão de "um grupo de empresários ligados a políticos" que comprou terras na Bacia do Alto Paraguai para o plantio de cana-de-açúcar. "Lula disse que ia decidir brevemente, mas que não podia colocar em risco o etanol brasileiro", diz Minc em entrevista - OESP, 30/5, Nacional, p.A10.

Minc critica publicamente colegas ministros
Na sexta-feira, Carlos Minc fez duras críticas a Mangabeira Unger, da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, e Alfredo Nascimento, dos Transportes. Minc disse ter apresentado a Lula um documento assinado por Mangabeira com o texto final sobre o licenciamento ambiental - área de responsabilidade do Ibama - sem que o Ministério do Meio Ambiente tenha sido consultado sobre o tema. A ex-ministra e senadora Marina Silva (PT-AC) disse que há motivos para Minc estar preocupado com o rumo da agenda ambiental no país. Ela citou vários assuntos que são um retrocesso para o setor. Algumas viraram lei por decreto presidencial - como as cavernas, que ficaram desprotegidas - e outras são tema de projetos que tramitam no Congresso, como a regularização fundiária na Amazônia e a MP 452, que afrouxa o licenciamento de estradas - O Globo, 30/5, O País, p.11.

Minc diz que se sente com a "alma lavada"
O ministro Carlos Minc afirmou que, diante da reação do presidente Lula às suas reclamações, durante reunião ocorrida quinta-feira, sente-se "de alma lavada" e certo de ter apoio de Lula para permanecer no cargo. "É normal perder algumas e ganhar outras [disputas sobre exigências ambientais]. Mas, nos últimos dois meses, aquele meu bolero dois pra lá, dois pra cá estava desequilibrado: dois pra lá, dois mais pra lá ainda", disse. Minc disse ter recebido a garantia de Lula de que suas exigências serão respeitadas. Dois dos temas tratados envolvem outros ministérios. Segundo Minc, alguns colegas de Esplanada incentivaram congressistas a votar contra regras ambientais defendidas pelo governo. Minc afirmou que Lula se comprometeu a advertir ministros que ajam assim - FSP, 30/5, Brasil, p.A4.

Eles não falaram
"Li as entrevistas do presidente Lula e do ex-presidente Fernando Henrique à revista Época sobre as perspectivas do Brasil para 2020. E eles não falaram nada do meio ambiente. Para não dizer que não tocaram no assunto, um o abordou ainda como problema, e o outro como exemplo de um tema novo da globalização. Ambos estão na agenda do século 20, não tangenciaram a mudança de perspectiva que é a marca do século 21. Novamente, não se tem uma visão estratégica de futuro, com sustentabilidade. O modo dominante de pensar está ancorado em questões compartimentadas. Há uma enorme dificuldade em reconhecer no ambiente natural o eixo integrador, a fonte dos limites, das oportunidades e do rumo que deve tomar a mudança estrutural que é a tarefa civilizatória do nosso século", artigo de Marina Silva - FSP, 1/6, Opinião, p.A2.


Metas para 2020
"A crise entre o ministro Carlos Minc, os produtores rurais e os ministros 'desenvolvimentistas' chega em um momento delicado, em que o Brasil é chamado a ter um papel relevante na política internacional de preservação do meio ambiente. O governo Lula parece preso a um paradoxo: gosta da parte ambiental que favorece o Brasil, como os combustíveis alternativos. Mas não se conforma com as normas ambientais que atrasam as obras do PAC. Jim Garrison, presidente do State of the World, está no Brasil tentando obter o apoio do governo brasileiro para um plano ambicioso de antecipar de 2050 para 2020 as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa que devem ser definidas em reunião da ONU no final do ano. Para Garrison, o Brasil deve ser um dos líderes desse movimento", coluna de Merval Pereira - O Globo, 30/5, O País, p.4.

O que o ministro tem a fazer
"Minc está no governo há tempo de sobra para se certificar de uma realidade à vista de todos: o que Lula não permite, nem vai permitir, é que as considerações ambientais interfiram com o crescimento da economia, a modernização da infraestrutura e os interesses organizados que integram o esquema que assegura a 'sustentabilidade política' do lulismo. Desenvolvimentista à moda antiga, Lula acredita que a Amazônia deve ser protegida e que a melhor forma de fazê-lo é expandir ali as forças produtivas, com o benefício de dar emprego aos seus 25 milhões de habitantes. Podendo-se alcançar essa meta de forma sustentável, tanto melhor. Do contrário, siga-se adiante. Por pensar assim, respalda a coalizão de interesses que, no governo e no Congresso, combate as exigências ambientais para a atividade econômica, a abertura de estradas e a construção de hidrelétricas. Quem aceitou pagar o preço da demissão da ministra Marina não cederá a Carlos Minc. E este, em vez de reclamar, melhor fará para a sua biografia se fizer o que ela fez", editorial - OESP, 30/5, Notas e Informações, p.A3.


AGORA VAMOS FALAR DE AMAZÔNIA
Greenpeace: governo é sócio de desmatadores
O governo brasileiro contribui ativamente com o desmatamento da Amazônia pois se tornou sócio de quem produz a destruição. Nos últimos dois anos, bilhões de dólares do BNDES foram concedidos a empresas pecuaristas responsáveis por 80% da devastação da floresta. Segundo o relatório "Abatendo a Amazônia", que o Greenpeace divulga hoje: "Através do BNDES, o governo tem formado alianças estratégicas com as cinco maiores empresas da indústria pecuária. Entre 2007 e 2009, essas empresas, responsáveis por mais de 50% das exportações brasileiras de carne, receberam US$ 2,65 bilhões do BNDES". O Greenpeace alerta que, ao financiar os desmatadores com dinheiro do BNDES, em troca de ações das empresas responsáveis pela destruição, o governo se torna parceiro na devastação - O Globo, 1/6, O País, p.5.

"Consumo cego" acelera desmate da Amazônia, diz ONG
O Greenpeace lança hoje um relatório que liga o corte criminoso da floresta amazônica, para abrir espaço ao gado, a uma série de grandes marcas. Segundo o relatório, importantes frigoríficos do Brasil abastecem empresas do setor alimentício, cosmético e de moda, que por sua vez alimentam os mercados nacional e internacional com carne, couro e outros subprodutos de animais que pastaram em áreas desmatadas ilegalmente. Os produtos bovinos da Amazônia, indica o relatório, vão para indústrias da China, Estados Unidos, Itália e Reino Unido, além de brasileiras, onde são usados na produção de comidas congeladas e refrigeradas, calçados, bolsas, cosméticos, estofamento para veículos e móveis. Os consumidores não têm acesso a essa informação, denuncia o relatório - FSP, 1/6, Ciência, p.A12; OESP, 1/6, Vida, p.A14.

Multa do Ibama fica nove meses na gaveta após infrator ajudar Minc
O Ibama segurou por quase nove meses a aplicação de uma multa de R$ 3 milhões ao Grupo Bertin S/A. Além da negligência administrativa, o engavetamento da multa, aplicada em 27/07/2008, ganha importância política porque o Grupo Bertin participou de uma operação ambiental de "sucesso" desencadeada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em agosto, o Bertin arrematou em leilão os 3.100 "bois do Minc", como ficou conhecido o gado criado em área desmatada irregularmente que o ministro apreendera no Pará em junho de 2008. A negociação da manada estava a ponto de "micar", pela falta de frigoríficos interessados na compra. Naquele momento, os bois foram arrematados pelo Bertin, a empresa que tinha o auto de infração no valor de R$ 3 milhões estacionado em uma gaveta da gerência do Ibama em Marabá (PA). O caso aumenta a pressão sobre o ministro - OESP, 31/5, Nacional, p.A4.

Frigorífico nega irregularidades
A multa ao Grupo Bertin S/A foi aplicada durante fiscalização de rotina do Ibama. Os fiscais encontraram numa das unidades do frigorífico, em Santana do Araguaia (PA), um estoque equivalente a 10 mil m3 de lenha nativa. O grupo não tinha documentos que pudessem certificar a origem da madeira. Em nota, o Grupo Bertin afirmou que nunca recebeu proposta do Ibama para comprar os "bois piratas" em troca da suspensão da multa. No texto, o grupo informou que, agora que o auto de infração se transformou em processo, seu corpo jurídico está recorrendo administrativamente da multa, por considerá-la injusta. "A empresa informa que já apresentou a defesa administrativa do caso e que espera que seja considerada procedente, já que não praticou nenhuma irregularidade". O frigorífico também nega que utilize madeira ilegal em suas atividades - OESP, 31/5, Nacional, p.A4.

Câmara quer explicação de Minc para multa
A Comissão de Agricultura da Câmara quer convocar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para prestar esclarecimentos sobre a demora de nove meses na cobrança de uma multa de R$ 3 milhões lavrada contra o Grupo Bertin, frigorífico que "salvou" a Operação Boi Pirata de um desfecho constrangedor. A multa contra o frigorífico, um dos maiores do País, só saiu da gaveta em abril passado, quando a história começou a circular por gabinetes de Brasília - OESP, 1/6, Nacional, p.A7.


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