26.5.09

O Brasil na contramão da história *

* por Dal Marcondes

Ruralistas e ambientalistas estão travando um embate sobre a legislação que vai definir os limites da preservação florestal no Brasil. Um “afã produtivista”, conforme o ministro Carlos Minc, que pode comprometer as metas e a responsabilidade do Brasil em relação ao aquecimento global.

Soube que nesta sexta-feira o ministro e ambientalistas se reuniram em São Paulo, na casa de um conhecido ambientalista paulista, e que a conversa teve tons de aspereza, principalmente porque Minc não está conseguindo frear o avanço da frente parlamentar ruralista sobre a legislação ambiental, o que pode abrir brechas para a instalação de usinas de álcool no Pantanal e legitimar a grilagem na Amazônia.

Segundo a Folha de São Paulo deste sábado os projetos polêmicos são:

Código Florestal
Legislação – A lei não fixa limites de desmatamento no país e exige a manutenção de vegetação nativa em parcela das propriedades e das áreas de preservação ao longo de rios.
Discussão – Agronegócio defende mudanças.

Regularização Fundiária
Legislação – Projeto doa ou vende a preço simbólico aos atuais ocupantes 67,4 milhões de hectares na Amazônia.
Discussão – Bancada ruralista quer impedir a futura retomada das terras em caso de desmatamento.

Licenciamento de Estradas – Projeto em votação no Senado acelera processo de licença ara estradas já abertas. Regras se aplicam a projetos do PAC.
Discussão – ONGs afirmam que a pavimentação de estradas é o maior vetor de desmate da Amazônia. Ministro Carlos Minc classificou a mudança como “contrabando completo”.

Zoneamento da Cana
Legislação – Lula prometeu regulamentar a expansão do cultivo de cana para a produção de biocombustíveis na Amazônia.
Discussão – O anúncio foi adiado por conta de pressões para liberar áreas no entorno do Pantanal, na bacia do alto Paraguai; ambientalistas temem contaminação dos rios.

Compensação Ambiental
Legislação – Decreto do presidente Lula reduziu para 0,5% o percentual máximo a ser cobrado dos empreendimentos como construção de rodovias e hidrelétricas, pelos impactos que geram, apenas sobre parte do custo da obra.
Discussão – Contrária ao governo, proposta do MMA era de que o piso fosse de 2% sobre o valor total da obra.

O grupo de ambientalistas reunidos em São Paulo, está se articulando para a formulação de uma estratégia de reação aos ataques à legislação ambiental.


-> RESOLVI COMPLEMENTAR COM OUTRO POST DO DAL, CHAMADO "ATAQUE AO CÓDIGO FLORESTAL". CONTINUAÇÃO DO QUE VOCÊ ACABOU DE LER:

Caros, resolvi publicar em destaque o cometário feito pelo jornalista Ricardo Carvalho, que estava na reunião de ambientalistas com o ministro Minc na última sexta. Vale a pena ler, pela legitimidade do Ricardo, e pelo tom apaixonado com o qual defende as questões ambientais no Brasil.Muita gente tem comentado que Minc foi um retrocesso depois da ministra Marina Silva.

Em muitos aspectos, talvez na maioria, acho mesmo que foi. No entanto, não há como negar que ele ainda está do "lado do bem" em relação ao Código Florestal. Existem grandes interesses relacionados às questões ambientais e florestais,especialmente quando falamos de Amazônia. Nos últimos anos o governo tem demonstrado ser esquizofrênico em reação a estes temas. Mais quando a senadora Marina era ministra, agora com as disputas claras entre Reinold Stefanes e Carlos Minc.

Não sou, e é bom deixar isso muito claro, partidário ou porta-voz do ministro Minc, mas acredita que o MMA precisa de suporte da sociedade para tentar barrar os avanços da frente ruralista. Há outros frentes, como hidrelétricas e estradas onde o MMA não tem se posicionado claramente, mas na questão do Código Florestal a coisa está degringolando.

Acho que, como jornalistas, temos de olhar para as disputas relacionadas ao Código Florestal com muito cuidado, porque uma brecha, mesmo que em liminar, significa em poucos dias milhares de tratores avançando sobre as áreas de proteção permanente, que depois não poderão ser recuperadas.Minha avaliação neste momento é: ruim com o Minc, pior sem ele. Quem assumiria o MMA, o Mangabeira Unguer?

Ricardo Carvalho disse...
Eu estava na casa do ambientalista na sexta e fiquei impressionado com a agressividade gratuita de duas ONGs com o Minc, que é do PT. O Minc subiu nas tamancas e respondeu à altura. Algumas outras intervenções como do Eduardo Jorge (do PV) e do vereador de S. Paulo Natalino (PSDB), além do Fabio Feldmann (PV) deixaram bem claro que o momento é de união dos ambientalistas para defender a legislação ambiental brasileira contra o avanço dos ruralistas. A ameaça é da maior seriedade e é fundamental os ambientalistas, independente de partidos e posições, procurarem o que os une e sair às ruas para defender a legislação tão duramente conquistada.


-> COMPLEMENTANDO O QUE DISSE RICARDO, EU AFIRMO: MEIO AMBIENTE NO BRASIL NÃO É SÓ DA CONTA DE AMBIENTALISTAS, MAS DE TODOS OS BRASILEIROS. O MOMENTO É DE UNIÃO SIM, DE BRASILEIROS, DO POVO MESMO, EM DEFESA DA NATUREZA QUE NOS CERCA, CONTRA ESTAS MUDANÇAS ABSURDAS QUE QUEREM FAZER NO CÓDIGO FLORESTAL. SE PECARMOS PELA OMISSÃO, NÃO TEREMOS O DIREITO DE RECLAMAR.


ONDE ESTÁ A GARRA QUE VIMOS NAS PESSOAS QUE PEDIRAM O IMPEACHMENT DE COLLOR? VAMOS CRIAR UM MOVIMENTO? VAMOS ÀS RUAS? VAMOS NOS MANIFESTAR PELA PROTEÇÃO DE NOSSAS TERRAS, ÁRVORES, RIOS, ANIMAIS, NOSSO AR, NOSSA ÁGUA, NOSSA QUALIDADE DE VIDA? OU VAMOS ASSISTIR TUDO DE NOSSOS SOFÁS CONFORTÁVEIS OLHANDO O ROSTO BONITO DE ÂNCORAS DE JORNAIS DE TV ANUNCIANDO RETROCESSOS NA CONDUTA AMBIENTAL BRASILEIRA PARA NOS SENTIRMOS BEM INFORMADOS E NOS ENGANARMOS, ACHANDO QUE TER INFORMAÇÃO A RESPEITO DO TEMA BASTA PARA DORMIRMOS UM SONO TRANQUILO? MEUS CAR@S, INFORMAÇÃO É APENAS O PRIMEIRO PASSO DA MUDANÇA...QUE MAIS FAREMOS?

VOLTO AO RICARDO:
Não dá parar sair às ruas? Reúna pessoas, fale nos seminários sobre o problema, mande emails de apoio, faça um abaixo assinado, pressione o seu parlamentar...
Este é um movimento que está nascendo e vale muito a pena apoiá-lo.


NÃO TEMOS TEMOS A PERDER.


Save the planet!

21.5.09

secretaria de meio ambiente do pt repudia o pt!

Eis, na íntegra, carta de repúdio da Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT dirigida ao próprio PT e divulgada no dia 21 de maio.
Finalmente, uma reação positiva e honesta do Partido dos Trabalhadores contra ações totalmente absurdas do "Partido de Tramóias".

*

"O Brasil vive um momento de grande contradição na busca do desenvolvimento com sustentabilidade.
Inegavelmente, o governo Lula avançou numa visão socioambiental de País, conseguindo diminuir o desmatamento da Amazônia; constituindo um Plano de Mudanças Climáticas, com participação popular, via III Conferência Nacional de Meio Ambiente - que é hoje referência mundial; fortalecendo o Sistema Nacional de Meio Ambiente e organizando o Plano Nacional de Combate a Desertificação, o Plano Nacional de Recursos Hídricos, Plano Nacional de Áreas Protegidas, dentre outras ações estruturantes rumo à sustentabilidade do País.

Por outro lado, na atual conjuntura, tem permitido, quando não organizado, ataques às conquistas ambientais, como se elas fossem impedimento para uma nova onda de desenvolvimento que, a um só tempo, dê conta de gerar empregos e distribuir renda e preservar o meio ambiente.

Esses ataques, tendo como tropa de choque a bancada ruralista no Congresso Nacional, são liderados pelos Ministros da Agricultura e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, e se dirigem fundamentalmente à legislação ambiental, em particular ao Código Florestal, mas não ficam por aí.

A Medida Provisória 458, embora busque responder à necessidade de regularização fundiária na Amazônia, ao ampliar para além dos quatro módulos fiscais, permite que o grande latifúndio possa se legitimar na região.

Também ao dissociar a regularização fundiária da reforma agrária com critérios ecológicos, permite que essa reivindicação do movimento camponês e dos povos da floresta seja sucumbida numa agenda compensatória para o campo.

Outra MP, a 450, já aprovada, criou um precedente que pode favorecer a criação de novas Balbinas, já que altera a legislação que regulamenta as pequenas hidrelétricas, eliminando a restrição ao tamanho dos lagos, podendo assim descaracterizar as PCHs.

Já na MP 452 sobre o Fundo Soberano, foi inserida uma emenda, um verdadeiro "submarino atômico", que libera a construção de estradas, mesmo sem licença ambiental.


E mais recentemente, a Presidência da República editou um Decreto estipulando o teto de 0,5% para a compensação ambiental, um valor muito longe do que estava sendo acordado com o Ministério do Meio Ambiente e insuficiente para coibir a ação dos grandes projetos que provocam danos ambientais.

Além disso, a bancada ruralista aprovou no estado de Santa Catarina, um "Código Ambiental" inconstitucional que pretende ser referência para, num movimento de baixo para cima, através dos estados da Federação, se contrapor ao atual Código Florestal. O mais impressionante é que a bancada estadual do PT se absteve nesse nefasto projeto.

Na semana passada, sem discussão com as instâncias partidárias, um grupo de parlamentares do PT apresentou uma proposta de Código Florestal na Câmara dos Deputados que fortalece a movimentação para tentar modificar o Código Florestal vigente, já que dificilmente a correlação de forças naquela Casa será favorável ao fortalecimento da legislação ambiental.

Estranhamos também que as iniciativas legislativas que favorecem o desenvolvimento sustentável e a gestão ambiental não recebem a devida prioridade do Congresso Nacional, a exemplo do PL 12/03, que regulamenta o artigo 23 da Constituição Federal, fortalecendo o SISNAMA.

Diante desta ofensiva, o Ministério do Meio Ambiente não consegue ter uma posição firme no interior do governo para defender as conquistas ambientais e fazer avançar a agenda do Desenvolvimento Sustentável. Ao contrário, limita-se a divulgar nota pública contra o desmonte das questões ambientais, como se fosse um ente que não tem responsabilidade de governo.

Apesar da situação adversa, a sociedade civil movimenta-se para reagir a estes ataques. Em recente Vigília em Defesa da Amazônia, milhares de pessoas se manifestaram em favor das conquistas ambientais. O Movimento Amazônia Para Sempre, um dos organizadores da atividade, conseguiu reunir mais de 1 milhão de assinaturas em favor da Amazônia que serão entregues ao Presidente da República no dia 04 de junho, em plena Semana do Meio Ambiente.

Pesquisa de opinião pública recém publicada afirma que 94% das pessoas estão favoráveis a uma posição mais dura em relação aos crimes ambientais. Movimentos ambientalistas, camponeses e dos povos da floresta têm se posicionado firmemente em defesa do meio ambiente, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado e em outros espaços públicos.
O PT, partido que sempre esteve no apoio a estas lutas e inseriu em seu programa a defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, não pode ficar na contramão de sua própria história. As memórias de Chico Mendes, Paulo Vinhas, Margarida Alves e tantos outros que tombaram defendendo as causas ambientais não devem ser esquecidas.

O Partido dos Trabalhadores, seus parlamentares e o seu governo não podem passar para a história como os coveiros do desenvolvimento sustentável e nem dos avanços da governança ambiental do país.

A SMAD-PT vem a público repudiar os ataques às conquistas ambientais; requerer o cumprimento do Programa Ambiental Lula Presidente (2007-2010); e reivindicar que a agenda do desenvolvimento sustentável seja fortalecida no Governo Federal.

Em Defesa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável!

Pela derrota das MPs que atacam as conquistas socioambientais!

Pela retirada da proposta que modifica o Código Florestal em tramitação na Câmara dos Deputados!

Pela celeridade na tramitação das iniciativas legislativas que fortalecem a política ambiental brasileira e o Sistema Nacional de Meio Ambiente!

Estamos em alerta e em vigília permanente!"

Brasília, 20 de maio de 2009
Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT
Save the planet!

20.5.09

pare, olhe: são dois macaquinhos bonitinhos

Durante uma tarde da semana passada, eu caminhava pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para uma costumeira aula de antropologia quando me deparei, logo na entrada do prédio de humanas, com dois sauim-de-coleira, espécie que simboliza a cidade de Manaus e que ainda por cima é endêmica, ou seja, este é o único lugar do planeta em que este tipo de macaco pode ser encontrado, visto, admirado e....morto.

"Um motorista, dirigindo em alta velocidade, atropelou um casal de saium. O filhote estava agarrado ao pescoço da mãe, mas saltou a tempo e conseguiu se salvar. Vi isso e trouxe os macacos comigo", conta Sebastião Alvaro, estudante de história e professor da rede pública de ensino. O filhote ficou órfão e vai ter que ser muito ligeiro para sobreviver.

"Estes macaquinhos simbolizam a morte de Manaus, da UFAM e das pessoas que passaram por aqui e não conseguiram se sensibilizar. Estas estão mais mortas do que o casal de sauim", desabafou Sebastião.

Estudantes passavam, olhavam, tiravam fotos. Enquanto isso, Sebastião e outras pessoas convocavam a todos, com a ajuda do alto-falante, para o enterro dos dois macaquinhos às cinco da tarde daquele dia. Uma forma de protestar pacificamente contra o ato estúpido de um único motorista que simbolizou, sem querer, toda a trupe de irresponsáveis que preferem passar por cima de animais em um ato incontido de violência a simplesmente brecar para deixar o bicho passar, respeitosamente.

Estas fotos foram gentilmente cedidas por Dante, estudante da UFAM
O cartaz diz: "Até quando o "animal irracional" vai conviver e existir neste mundo com o "animal racional"? Qual é a diferença entre um automóvel e um revólver?"


Quando vejo manifestações como essa me alegro ao constatar que, apesar da ignorância de muitas pessoas, ainda existem aquelas que conseguem de fato enxergar a importância de todas as formas de vida e que tem coragem de agir em nome de suas consciências pelo bem de todos, inclusive de quem ainda dorme o sono eterno da incompreensão da maravilha material e espiritual que é a natureza.

Save the planet!

bastidores da vígilia pela Amazônia

Cliquei esta foto neste final de semana, durante uma tarde ensolarada de frente para o belíssimo Rio Negro

Este texto foi publicado no blog do Greenpeace:

Em mais de oito horas de vígilia pela Amazônia no plenário do Senado, em Brasília, foram muitos os momentos simbólicos. Do canto da pajé Zeneida Lima à apresentação do vídeo Manifesto Amazônia para Sempre, dos comentários debochados de alguns senadores da bancada ruralista à emoção da atriz Christiane Torloni ao falar da destruição da floresta.

Selecionei alguns para compartilhar aqui no blog, vamos a eles:
* Logo no início da vigília, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quebrou o protocolo e convidou todos os presentes a sentarem nas cadeiras reservadas aos senadores. Como muitos não estavam no plenário, sobrou espaço. Eu sentei na cadeira do senador Efraim Moraes (PFL-PB).

A partir dali, o Senado passou a ser formado por uma imensa bancada em defesa da Amazônia.
* Os senadores aproveitaram a presença de ambientalistas e imprensa para divulgar suas ações em defesa do meio ambiente. O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), por exemplo, distribuiu livreto explicando seu projeto de lei pelo desmatamento zero na Amazônia e criação de um Ministério da Amazônia.

* Você conhece o Partido dos Defensores da Natureza e do Meio Ambiente (PDNMA)? Pois ele existe, apesar de não ter representação no Congresso. E representantes do partido foram à vigília para divulgar suas propostas.

* Comentário do senador Cícero Lucena (PSDB-PB) ao ver as pilhas de papel com o abaixo-assinado de mais de um milhão de pessoas ser colocada no meio do plenário. “Falam em desmatamento zero e gastam esse tanto de papel…” Convenhamos: se Lucena e seus pares atuasse menos para impedir medidas que reduzam o desmatamento, a tal pilha não precisaria existir, confere?

* Vários senadores e deputados deram uma de tiete quando os atores Christiane Torloni e Victor Fasano chegaram ao plenário do Senado. Tiraram fotos ao lado deles e pediram autógrafos.
* A ex-ministra Marina Silva (PT-AC) era de longe a pessoa mais elegante da vigília. Chegou uma das primeiras a chegar e uma das últimas a deixar o plenário.

* Chico Mendes, seringueiro, sindicalista e ativista ambiental do Acre, foi um dos nomes mais lembrados pelos participantes da vigília pela Amazônia. Chico, assassinado em 1988 em Xapuri (AC), foi um dos que mais lutaram pelo desenvolvimento sustentável da região.

* Enquanto parlamentares, ambientalistas e ativistas criticavam veementemente, no plenário do Senado, o agronegócio brasileiro e seus defensores no Congresso, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) tomava tranquilamente um cafezinho no restaurante em anexo, juntamente com um representante da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abeic). A pecuária é um dos principais vetores de desmatamento na Amazônia.

* Ao mesmo tempo, a MP 458 - projeto de regularização fundiária na Amazônia - era aprovada na Câmara dos Deputados. Para muitos dos presentes à vigília, a aprovação da MP do jeito que foi feita, sem os devidos cuidados aos detalhes que constavam dos destaques apresentados pelos deputados, significa a privatização das terras públicas na Amazônia.

* “Ô Sarneyzinho, chama a Kátia Abreu para assinar o abaixo-assinado pela Amazônia!”, gritou uma moça da tribuna do Senado para o deputado Sarney Filho, líder da bancada ambientalista na Câmara. Kátia Abreu é um dos principais nomes da bancada ruralista, que faz tudo o que pode para brecar projetos que ajudem a preservar o meio ambiente.

* A apresentação de Carlos Nobre, do Inpe, foi uma das mais aguardadas da noite e foi forte o suficiente para prender a atenção de todos. “A preservação da Amazônia vale bilhões de dólares para o Brasil e para o mundo. Somos um povo da floresta, mas agimos como se fôssemos europeus. Foi assim na colonização do país, foi assim quando desbravaram a Amazônia e continuamos com esse modelo predador. O que precisamos é de uma ciência da floresta, para termos conhecimento e desenvolvimento sustentável na Amazônia.”

* O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encerrou as atividades no plenário do Senado lendo o poema Um Sonho que Cresce no Chão da Floresta, de Thiago de Mello, poeta natural do estado do Amazonas. Não encontrei o poema na internet, mas quem quiser conhecer um pouco da poesia de Thiago de Mello, clique
aqui.

Save the planet!

15.5.09

o riso do coringa e o lamento dos ambientalistas


No mesmo dia em que a vigília pela Amazônia foi encerrada em Brasília, em um ato simbólico pela preservação da floresta, com discussão de sua importância para a humanidade e os absurdos que o Congresso quer aprovar, eis que o inimigo revela sua verdadeira face.

Líderes do governo e oposição se uniram e aprovaram ontem mesmo, no plenário da Câmara dos Deputados, a medida provisória 458, que regulariza posses - ou seja, GRILAGEM E OCUPAÇÃO ILEGAL DE TERRAS DA UNIÃO - com até 1,5 mil hectares na Amazônia. A MP vai regularizar a situação jurídica de 400 mil posses em 436 municípios e atender a interesses de 1,2 milhão posseiros.

Esta palhaçada permite que:

- posseiros não tenham nenhuma obrigação de recuperar as áreas de preservação permanente (APPs) e reserva legal

- antes, posseiros teriam a terra revertida à União se descumprissem a legislação ambiental na Amazônia. Agora podem descumprir leis, pois pelo novo texto a punição ocorrerá somente em casos de desmatamento irregular em APPs e reservas legais. E ai dos pobres posseiros que forem punidos, pois aí o governo deverá indenizá-los (!!!)

- posseiros agora terão indenização de benfeitorias

- passou de 10 para 30 anos o prazo para recomposição de APPs e reserva legal

- agora será possível regularizar áreas em nome servidores públicos e de pessoas jurídicas

Como se não bastasse, serão doadas posses de até 100 hectares. Para terras de até 400 hectares haverá um processo simplificado com "valor simbólico". Quem tiver até 1,5 mil hectares terá preferência para comprar a terra pelo "valor de mercado". Olha o governo incentivando a grilagem!

A bancada ruralista ganhou de novo e pelo andar da carruagem vai continuar ganhando, pois os interesses do governo passam longe da preservação da maior floresta do planeta e dos povos que nela vivem.

Sinceramente, quando vejo uma coisa dessas partindo de um governo que gosta de gritar aos quatro ventos que "A Amazônia é nossa!" para defender uma suposta "soberania nacional" diante de supostos "interesses estrangeiros" dou de cara com uma hipocrisia imensurável, como o demônio que se finge de anjo e às costas dos justos se contorce às gargalhadas.

Save the planet!

10.5.09

vigília no senado pela amazônia


No dia 13 de maio (quarta-feira), integrantes do movimento Amazônia Para Sempre farão uma "Vigília Amazônica" em frente ao plenário do Senado Federal. A ação ocorrerá das 18h às 24 h e o movimento pede as pessoas acompanhem pela TV Senado e participem enviando sugestões, comentários e protestos através do telefone Alô Senado (0800 61 22 11 ou do email scomcmmc@senado.gov.br).
De acordo com o Amazônia Para Sempre, "estamos a beira de um grande retrocesso na votação de emendas que flexibilizarão o Código Florestal e mesmo a Constituição. Este é um alerta geral". E é mesmo. Vamos pressionar e fazer nossa parte como cidadãos e cidadãs?
PALAVRAS DE MIRIAM LEITÃO HOJE (13/05) NO BOM DIA BRASIL:
Hoje é dia de vigília pela Amazônia
Hoje é dia de vigília pela Amazônia. Ela será assim: vão se reunir três comissões no Senado a partir do fim da tarde para ouvir representantes do movimento "Amazônia para Sempre", e mais organizações de defesa da Amazônia, cientistas e ambientalistas.
O movimento começou há mais de ano, quando os atores Christiane Torloni, Victor Fasano e Juca de Oliveira recolheram 1,1 milhão de assinaturas para entregar ao presidente Lula um pedido de proteção da Floresta Amazônica. Eles ainda não conseguiram audiência e vão fazer essa vigília no Senado.
A hora não podia ser mais apropriada: existem várias iniciativas no governo e no Congresso que ameaçam a Amazônia. Uma delas é da senadora Katia Abreu, da Confederação Nacional da Agricultura que é autora de projeto de lei que anula o Plano Nacional de Combate ao Desmatamento.
A MP-422 autoriza o governo a passar para mãos privadas áreas de até 1,5 mil hectares sem licitação. A MP-458 quer legalizar áreas que foram griladas. Há 18 outros projetos de decreto legislativo ameaçadores.
Como se isso não bastasse, o BNDES tem aumentado a concessão de empréstimos para empresas do setor pecuário que enfrentam denúncias de desmatamento ilegal. O perigo aumenta, é hora mesmo de fazer uma vigília pela Amazônia.
Além do desmatamento, há uma preocupação com a emissão de gases do efeito estufa. É um problema imenso no Brasil. A destruição da Amazônia, o desmatamento e a queima da floresta são responsáveis por 70% de toda a emissão brasileira desses gases.
A principal razão pela qual o governo não consegue impedir o desmatamento é a falta de respeito à lei no país. Ela é generalizada na Amazônia.
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Está dado o recado, espero que vocês, os amigos de vocês e os amigos dos amigos dêem uma força à nossa floresta e à ação do movimento Amazônia Para Sempre.
Agora vou contar a história de um momento especial.
Em 2007, estava com o Greenpeace na praia de Copacabana, no Rio. Estávamos lá por causa da expedição itinerante "Aquecimento Global: Apague esta Idéia". O pessoal do movimento (Christiane Torloni, Victor Fasano e voluntários) foi convidado e apareceu, conversou com o público em um palco improvisado dentro de um caminhão gigante da ONG que estava atravessado na areia para mostrar parte de uma bela árvore vítima de desmatamento ilegal no Amazonas.
A Chirstiane Torloni me comoveu. De verdade.
Vi nela o que existe em mim e em muitas pessoas que conheço: um amor incondicional e intemível pela Amazônia.
Christiane falava.
- É preciso que as autoridades façam alguma coisa porque aquela floresta está queimando, sendo destruída. Ela representa um bem enorme à humanidade e onde está a ação de governos, a conscientização? Tá vendo isso aqui?
Coloca a mão sobre a árvore, leva ao rosto e ao peito na altura do coração. Se cobriu de cinzas.
- É o que tem acontecido lá. Olha bem para o que está acontecendo lá!
Tive vontade de chorar.
O profissionalismo me impediu, mas até hoje guardo esta cena na memória.
E quando a vejo em programas de TV e no Senado falando sobre a Amazônia, eu sei que aí existe uma alma que foi verdadeiramente tocada pelo que esta floresta realmente é e representa na vida de todos nós.
Mesmo que a maioria dos cidadãos brasileiros nem se dê conta de que 58% do território deste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza é composto, simplesmente, pela bela e importantíssima Amazônia.
Save the planet!