27.5.10

ver...go...nhas...

"Blairo Maggi, o insustentável", por Miriam Leitão no jornal O Globo desta semana:



"O braço direito de Maggi para provar que o estado do Mato Grosso tinha virado exemplo de sustentabilidade era justamente o seu secretário de Meio Ambiente Luiz Henrique Daldegan. Com ele, e grande comitiva, o governador foi a Copenhague participar de debates sobre créditos pelo desmatamento evitado. Alegava ter desenvolvido ferramentas modernas para detectar, prevenir e combater o desmatamento. Inúmeras falsas licenças foram assinadas pelo subsecretário de gestão de florestas, e depois secretário de Mudanças Climáticas, Afrânio Cesar Migliari. Blairo, candidato ao Senado, aparece no inquérito pressionando para apressar a liberação de licenças que favoreciam políticos. É assim que se desmata na Amazônia com o conluio de gente muito fina. E que fica por aí usando em vão a palavra sustentabilidade".

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Maggi destruiu o que pôde e não pôde de Amazônia no Mato Grosso e transformou vastas áreas de floresta em vastas plantações de monocultura extensiva de soja. Agora quer posar de bom moço, viu que "sustentabilidade" é a palavrinha da vez, que "Amazônia" também é e, oras, por que não tentar tirar proveito disso? Eu teria vergonha, mas muita vergonha, de sair por aí pedindo dinheiro com a desculpa de proteger a floresta. Francamente.

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"Kayapó anunciam fim da paralisação da balsa sobre o Rio Xingu", por Instituto Socioambiental
Iniciada em 23 de abril, como forma de protestar contra a construção da usina de Belo Monte e contra o leilão promovido pelo governo federal em 20 de abril, os Kayapó, liderados por Megaron e Raoni, divulgaram nota no sábado, 22 de maio, encerrando a paralisação. Anunciaram também sua participação na reunião que se realiza esta semana em Altamira com outroas lidernaças indígenas e devem ir a Brasília particpar de reunião com indígenas de todo o Brasil. Leia a nota.


Aldeia Piaraçu, 22 de Maio de 2010


Nós do movimento da paralisação da balsa de travessia do Rio Xingu-MT queremos informar para todos que, com a chegada do cacique Raoni Metuktire, encerramos o nosso movimento da paralisação da balsa.


Mais uma vez o Governo Federal não nos respeitou indígenas, não veio falar com nós.


Assim como ele não respeitou a própria constituição Federal Brasileiro de 1988, a convenção 169 OIT e Declaração da ONU sobre o direito indígena.


Agora nós vamos para a reunião de Altamira onde irá reunir com os indígenas que vão ser atingidos por barragem Belo Monte.


Para Brasília vamos unir com os indígenas de todo Brasil para discutirmos sobre a nossa situação com o Governo Federal.


Parece que não tem órgão oficial do Governo para proteger nós indígena.


Queremos pedir aqui um respeito, nós queríamos que o Governo Federal, Estadual e Municipal respeitar nós indígenas. É o que temos para informar à todos que trafegam pela balsa aqui no Rio Xingu.
Megaron Txukarramãe
 
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Outra atitude vergonhosa é a do governo federal em relação a Belo Monte. Aliás, uma sucessão de vergonhas, sem o menor respeito pelo meio ambiente e pelas populações tradicionais que habitam, há séculos, vastas regiões do Xingu.
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Save the planet!

10.5.10

brasil é o país com maior impacto absoluto ao ambiente

do Estadão

Um estudo publicado na revista científica Plos One na semana passada conclui que o Brasil é o País com maior impacto absoluto ao ambiente. Em segundo lugar estão os Estados Unidos e, em terceiro, a China. Tonga, na Polinésia, foi o melhor colocado.

Foram levados em conta aspectos como perda de florestas, uso de fertilizantes, ameaça à biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa e qualidade da água. Os autores da pesquisa são ligados às universidades Princeton e Harvard (nos Estados Unidos) e Adelaide (na Austrália). "Nossos resultados mostram que a comunidade mundial tem de incentivar não só um melhor desempenho ambiental em países menos desenvolvidos, especialmente na Ásia, como também devem exigir que países mais ricos se concentrem no desenvolvimento de práticas mais amigáveis ao ambiente", afirmam os cientistas.
 
Save the planet!

5.5.10

Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna em 20/04/2010 Fonte: Valor Econômico


Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo


O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.


Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.


Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?


Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.


Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.


Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.


O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.


Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .

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PELO FIM DA DITADURA LULISTA NO BRASIL

Save the planet!