26.8.07

pela paz

Preciso dizer mais algumas coisas sobre o que se passou em Juína, no norte do Mato Grosso. Vamos entender melhor essa questão. Os fazendeiros estão irados porque compraram aquelas terras na década de 70 graças aos incentivos fiscais do governo e, agora, não querem perder tudo o que construíram para uma reserva indígena. Por sua vez, o mesmo território é palco dos antepassados dos Enawene Nawe há centenas de anos. As cebeceiras dos rios ficaram de fora da demarcação, mas os indígenas precisam daquelas águas porque nelas há peixe, animal fundamental em rituais que acontecem desde sempre, além de ser essencial à sobrevivência desta etnia, uma vez que os Enawene não comem carne vermelha.

De um lado vemos proprietários, a maioria do sul do país, que não querem se desfazer de suas fazendas. De outro, um povo que habita a mesma terra há milhares de anos correndo o risco de perder o que tem de mais sagrado: a própria vida, o alimento, os rituais espirituais. A questão, como se vê, é deveras complicada.

Dá para entender a necessidade destes indígenas e o descontentamento dos fazendeiros. Alguns afirmam que, se o governo comprar as terras de volta, tudo bem. Eles vendem e vão para outro lugar. Outros, porém - uma grande parte, diga-se -, não querem negociar e partem para o embate sem considerar uma opção mais pacífica para solucionar o problema. Será que não dá para resolver de outra maneira? Dá...é só querer. O que não pode continuar acontecendo foi o que se viu nos fatídicos primeiros dias da semana passada.

Além disso, não podemos nos esquecer da questão "direito de ir e vir" e "liberdade de expressão". A imprensa, expulsa da cidade junto de ativistas do Greenpeace e indigenistas da Opan, tem o direito e o dever de buscar e transmitir informação. No entanto, foi proibida e, naqueles instantes, o que se viu foi uma volta no tempo, à época da ditadura militar, em que só se publicava o que era permitido. Agressões e ameaças são absolutamente ineficazes para solucionar qualquer problema, seja ele qual for.

Então, em nome da tão sonhada paz, desejo que todos se entendam. Que a imprensa possa fazer o seu trabalho com tranquilidade. Que os fazendeiros aguardem a decisão judicial sem o uso da violência, em nenhuma hipótese, nem contra os indígenas, nem contra a Opan, que trabalha com os Enawene Nawe. Que a justiça resolva esta situação da forma mais justa possível. Que fazendeiros, indígenas e Opan estabeleçam, após o episódio, uma relação mais positiva. Que estes conflitos levem ao diálogo pacífico. Que a paz reine em Juína. Estou desejando demais?
Save the planet!

24.8.07

quem faz o bem é sempre ameaçado. mas...

Paulo Adario e Atainaene - escoltados por PMs

A pergunta que me faço quando o que você vai ler agora acontece é: que raio de país é esse??? Por que quem aparece neste planeta para fazer o bem e defendê-lo sempre é perseguido, maltratado, escorraçado, assassinado?

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Ativistas do Greenpeace, Opan e jornalistas são expulsos de Juína, no Mato Grosso, sob ameaças de fazendeiros

No início da semana, um grupo de pelo menos 100 fazendeiros se uniram em Juína, no norte do Mato Grosso, para expulsar da cidade ativistas do Greenpeace, membros da Opan (Operação Amazônia Nativa) e dois jornalistas franceses que queriam documentar áreas recém-desmatadas e mostrar a relação do povo indígena Enawene Nawe com a agricultura, a pesca, a floresta e seu papel em preservar a biodiversidade. Entre os ambientalistas estava o coordenador do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adario. A Opan foi convidada para acompanhar a equipe até o local.

O conflito existe porque os indígenas reivindicam uma área pertencente aos fazendeiros e que ficou de fora da demarcação. A região, conhecida como gleba Rio Preto, é fundamental para a realização de rituais sagrados de pesca e para a própria sobrevivência dos Enawene, uma vez que eles não se alimentam de nenhum tipo de carne vermelha, apenas de peixes e de algumas espécies de aves.

A presença das equipes na cidade causou alvoroço e, meia hora depois de membros da Opan chegarem a Juína, três fazendeiros se dirigiram ao Imperial Palace Hotel, cujo dono também possui terras na região, para saber quem eram os novos hóspedes. No dia seguinte, por volta de sete da manhã, um bando de pelo menos 30 fazendeiros intimava sete pessoas das organizações, além dos dois jornalistas europeus, a comparecer a uma audiência pública na Câmara Municipal da cidade.

Entre os presentes, estavam o presidente da câmara, vereador Francisco Pedroso, o Chicão (DEM), o prefeito da cidade, Hilton Campos (PR), o presidente da Câmara, o presidente da OAB, o presidente da Associação dos Produtores Rurais da região do Rio Preto (Aprurp), Aderval Bento, vereadores e dezenas de fazendeiros, além da policia.

Dando murros na mesa e em tom de voz autoritário, o prefeito da cidade de Juína, Hilton Campos, afirmou que não permitiria a presença das equipes na terra Enawene. " Vocês não são bem vindos aqui!", vociferou, sendo imediatamente aplaudido por um bando de pelo menos 50 fazendeiros.

Durante seis horas, autoridades públicas e fazendeiros repetiram discursos recheados de frases do tipo " ninguém vai pisar em território Enawene", " vai fazer reportagem na sua terra", se referindo aos franceses, e "pode ser perigoso para vocês insistir em ir ate lá".

As ameaças persistiram em outros momentos, não apenas dentro da câmara municipal. "Chegaram a dizer que deveríamos ser amarrados numa caminhonete e arrastados pela cidade, para servir de exemplo", afirma Edison Rodrigues, indigenista da Opan. Isso foi dito na recepção do hotel após uma agressão física feita contra o fotógrafo do Greenpeace.

Para evitar maiores confusões e para preservar a integridade física da equipe, especialmente dos membros da Opan, extremamente hostilizados e ameaçados, a decisão foi cancelar a viagem.

Não obstante, durante toda a noite os fazendeiros fizeram vigília na frente do hotel para garantir que membros do Greenpeace, da Opan e que os dois jornalistas franceses deixassem Juína. A equipe foi expulsa da cidade cercada por um jeep e 29 caminhonetes de luxo até o aeroporto. Todos buzinavam e acendiam os faróis. “É inaceitável que fazendeiros, com o apoio de autoridades locais, cerceiem a liberdade que todo cidadão tem de ir e vir e revoguem a Lei de Imprensa, cassando o direito de jornalistas exercerem sua profissão com segurança”, afirma Paulo Adario.

Um dia depois da perseguição feita às equipes, o governador Blairo Maggi anunciou, na abertura de um seminário do Conama em Cuiabá, que irá pedir a presença do Exército para enfrentar a grilagem e garantir a ordem no noroeste do Estado, onde está Juína. Anteontem à tarde, duas horas de gravações que registraram todas as ameaças feitas ao grupo foram entregues em mãos ao Procurador Federal da República em Mato Grosso, Mário Lúcio Avelar.

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Por que quem aparece neste planeta para fazer o bem e defendê-lo sempre é perseguido, maltratado, escorraçado, assassinado? Ok, não vamos parar. Se no destino de quem luta está a perseguição e a afronta, também nele reside a força de espírito e a imensa capacidade de amar incondicionalmente e de lutar de forma pacífica e inteligente por um mundo bem melhor. Isso sim é maior. Muito maior.
Save the planet!

17.8.07

e tudo o que ela ensina...


Hoje resolvi filosofar sobre o que a natureza pode nos ensinar.
Você sofre?
Tem pressa?
Está nervoso?
Não consegue ver o lado bom das coisas que acontecem em sua vida?
Acha que sua situação é pior que a de outras pessoas que você conhece?
Sente-se incapaz de realizar algo que queira muito?
Acha que não tem forças?
Quer tudo para ontem?
Então repare nesta árvore bonita que está aí perto. Deve haver alguma, de repente você até admira ela quando está tranqüilo, curtindo um estado de contemplação. Pense e logo se lembrará daquela lá, que sempre chamou sua atenção.
A lição da natureza começa aqui. Esta árvore bonita da qual você se recordou já foi uma sementinha miúda. Jogada ao fundo da terra, ela ficou na escuridão. Porém, foi bem no meio daquele preto todo que encontrou a força que precisava para sobreviver e, persistente, lutou.
Quando reparou, já havia se transformado em uma mudinha. Ela observou o sol e cresceu com seu calor. Tomou chuva e se alimentou dela. Aproveitou as raízes que cresciam e sugou da terra todos os nutrientes de que precisava. E cresceu...cresceu...não de um dia para o outro (quem cresce de um dia para o outro?).
Não importa se grande, média ou pequena, a antiga sementinha (hoje árvore), exerce seu papel na vida – todos os seres têm um. Dá a sombra quando precisamos, renova nosso ar, abriga os passarinhos. Ah, os passarinhos...
Então, saiba o seguinte: a simples observação deste fato da natureza, que é o nascimento e o crescimento de uma árvore, pode nos ajudar a compreender que, muitas vezes, sofremos por coisas pequenas. Que nos enganamos achando que não temos forças pra isso ou aquilo, desatentos sobre o quanto nossa impaciência pode atrapalhar o tempo natural para a concretização de nossos sonhos....
Espelhe-se nessa lição: por mais que você enxergue tudo escuro em certos momentos da vida, tenha certeza de que esta escuridão tem uma finalidade. Lute, enxergue o lado bom de tudo, vá em frente, tenha calma, saiba esperar e trabalhar com confiança, observe a si mesmo, tome consciência de sua força interior, ajude-se e espere...você chegará lá.
Save the planet!

12.8.07

desmatamento na amazônia cai mais de 25%



Essa é para comemorar!

Sexta-feira (10) o Ministério do Meio Ambiente divulgou a notícia que muitos ambientalistas esperavam: o desmatamento na Amazônia caiu 25,3% entre agosto de 2005 e julho de 2006. No período, 14.039 km2 de floresta desapareceram - o equivalente a metade de Alagoas. No ano anterior, foram desmatados 18.790 km2. Ainda assim, a queda está 939 km2 abaixo do que foi prometido pelo governo.
Mas tudo bem, comemoremos! E que o desmatamento - que detona a biodiversidade, a vida de indígenas e ribeirinhos, que - quando feito via queimadas - libera CO2 no ar e que torna o Brasil o quarto maior poluidor deste mundo - caia cada vez mais.
Save the forest!