11.11.09

viva o apagão


Preciso dizer que adorei o apagão.
Que foi incrível ver tudo escuro na cidade.
Até ontem eu não tinha idéia do quanto a eletricidade provocava sons: televisores, rádios, computadores, música, gente falando...
Como foi bom ouvir o silêncio. Dirigir sobre a ponte que leva à minha casa dando aquela espiadinha para o lado e só enxergar a escuridão.
Cheguei atenta: tinha a triste certeza de que gente que ainda não compreendeu a importância de cultivarmos a solidariedade provavelmente atacaria os indefesos ou distraídos - e foi o que ocorreu. Fico me peguntando qual será a reação do bicho homem quando ele tiver que se virar de novo sem o conforto de luz, água quente, microondas, músicas...
Quando estacionei na garagem, fiz questão de não acender as luzes do celular para encontrar a chave e abrir a porta: sinto necessidade de treinar minha vista para enxergar no breu. Subi as escadas, cheguei ao meu quarto, abri a janela. Respirei fundo com contentamento. Diante da falta de eletricidade, a enlouquecida São Paulo adquiriu o silêncio e a aparente calmaria de uma cidadezinha de interior. Tomei banho gelado. Estava tão divertido.
Antes de cair na cama, olhei de novo pela janela (não quis fechá-la). Um sorriso de contentamento escapou do meu rosto quando percebi, pela primeira vez nas redondezas, um vaga-lume. Foi tão bom vê-lo se destacar entre o preto da paisagem. A vida é simples e tão bonita. Respirei fundo. Deitei feliz.
Save the planet!

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