3.12.08

meu caro Chico


Quando eu era criança, folheava a Barsa com uma intensão imperceptível, uma curiosidade inata a respeito da Amazônia me fascinava. Passava horas debruçada sobre aqueles livros enormes procurando fotos e alguns textos sobre a floresta que hoje inspira os passos da minha vida.

Na naquela época, a mesma força que atraía a minha curiosidade infantil a respeito da mata, também me levava a reparar com atenção em um homem mais velho, de bigode, chamado Chico Mendes e que todos comentavam ser um defensor da Amazônia e dos povos que nela habitam. De longe, eu lia e observava aquele homem que parecia ser muito honesto, firme, bom e corajoso.

O tempo passou, eu cresci. Tanta coisa aconteceu. Chico se foi e seu legado é bem maior do que todos podemos imaginar. Sua ação inspira muitas pessoas (eu uma delas) a não desistir nunca, a persistir, a acreditar na inteligência e na serenidade para lidar com os problemas e buscar soluções. Essa inspiração me acompanha. CHICO: nome de pessoas simples de almas generosas. Chico Mendes, Chico Xavier, Chico de Assis...

Anteontem conversei com a senadora Marina Silva e não pude deixar de perguntar. Mas...e o Chico? Como ele era? Por um instante ela olhou para o vazio, seu olhar se perdeu. Deu um sorriso daqueles que lembram saudade e me disse o seguinte: "ele ouvia mais do que falava. Enquanto ouvia, refletia e, de repente, aparecia com alguma ótima idéia. Era calmo, sereno e tranquilo". Uma alma que dificilmente se perturbava, apesar de todos os contras que apareciam ao seu redor. "Chico mantinha a calma sempre".

"Ele faz muita falta, mas nos alegra saber que foi graças à sua forma de pensar a reforma agrária na Amazônia que hoje temos tantas unidades de conservação. Ele se foi, mas suas idéias, frases e pensamentos são como chaves que abrem cadeados para a proteção da floresta e de seus povos", afirma Manuel Cunha, do Conselho Nacional dos Seringueiros.

É, Chico soube agir, ser pacífico, plantar boas sementes a despeito de quaisquer ameaças. Resolveu seguir em frente. Foi advertido do perigo e não se intimidou. Entrou para a história do país, para a minha história, à da Marina, de Manuel e à de tantas outras pessoas mundo afora.

Meu caro Chico: obrigada por seu exemplo. No dia 15 de dezembro serão 20 anos sem você - mas com você. Porque, de onde quer que você esteja, sua luz continua a nos inspirar na caminhada pacífica por uma Amazônia protegida e justa a todos os seus povos, à gente de sua terra.



Save the planet!

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