24.10.07

pega fogo aldeia dos enawene-nawe

Uma faísca foi parar na palha seca. Bastou para que, em 15 minutos, as 12 casas da aldeia dos Enawene-nawe pegassem fogo e desaparecessem. Perderam tudo: a casa, a comida, os utensílios de cozinha, os colares, cocares, redes que tinham para dormir. Em fatídicos 15 minutos, 500 pessoas ficaram sem abrigo e passaram a dormir ao relento com suas crianças.

No momento do incêndio, que aconteceu há uma semana, Juliana, uma amiga da Opan (Operação Amazônia Nativa), estava por lá e me contou detalhes por telefone, da cidade de Brasnorte (MT), assim que chegou da aldeia. "Foi impressionante e tudo queimou muito rápido. Eles ficaram tristes, é claro!". Quando perguntei como estavam encarando esta tragédia, ela me respondeu: "Eles enxergam tudo com os olhos da simplicidade, não complicam como a gente. Pra eles pegou fogo. Se o fogo queimou tudo - dizem -, vamos trabalhar de novo e reconstruir". Que lição...

A Opan está dando a maior força para eles, como sempre. Por isso, disponibilizou a conta corrente para quem quiser ajudar. Eles vão receber o que for doado e comprar panelas, utensílios, comida, redes e combustível para os Enawene (eles usam rabetas para subir e descer quilômetros de rio).

Para quem não se lembra, em agosto noticiei aqui - e a imprensa de todo o país falou disso também - que o Greenpeace e a imprensa francesa foram expulsos da cidade de Juína (MT) por fazendeiros quando tentavam visitar, justamente, a tribo dos Enawene.

Na ocasião, os Enawene sofreram ameaças destes mesmos donos de terras porque suas fazendas estão em território considerado sagrado pela tribo. Disputam a terra na justiça. Há um conflito territorial. Como se não bastasse, a aldeia deles pegou fogo por causa de uma fagulha na palha seca. Neste momento, enquanto você lê esta notícia, eles estão dando duro para reconstruir tudo de novo.

Vamos ajudar?


HSBC Bank Brasil S.A.
Agência: 0233
Conta Corrente: 13003 93
Código SWIFT:. BCBBBRPR

Em nome de:

OPERAÇÃO AMAZÔNIA NATIVA - OPAN
CNPJ: 93.017.325/0001-68


Save the planet!

17.10.07

governo federal apóia madeireiros. xô greenpeace?!

Desde ontem (16), oito ativistas do Greenpeace estão cercados por 300 madeireiros no município de Castelo dos Sonhos, no oeste do Pará. Com a autorização do Ibama, a organização retirou uma castanheira queimada dentro de uma área pública. Atenção, pois temos aí dois flagrantes de ilegalidade. Por lei federal, é proibido derrubar ou queimar castanheiras no Brasil, assim como desmatar em terra pública. A árvore seria levada para São Paulo e Rio de Janeiro como parte da exposição itinerante "Aquecimento Global: Apague essa Idéia", com o objetivo de mostrar de perto às pessoas a destruição da floresta.
Ao desconfiar da ação, madeireiros rapidamente se organizaram e cercaram o caminhão. Por medida de segurança, a equipe se refugiou dentro da base do Ibama. Do lado de fora, centenas de pessoas exaltadas aguardavam e vociferavam ameaças munidos de oito caminhões, 10 caminhonetes e mais de 15 motos.
Diante da situação, no início da noite, o tenente-coronel Dovanin Ferraz Camargo Jr., de Itaituba, informou que não permitiria a permanência do grupo na base do Ibama durante a noite para garantir a segurança do local. Para o sr. Dovanin, quem representa perigo à sociedade são os ativistas do Greenpeace.
Como se não bastasse, hoje pela manhã Basileu Margarido, presidente do Ibama, revogou a decisão que havia dado e afirmou que a árvore não poderá mais ser retirada da cidade. Ou seja, voltou atrás da própria decisão. O governo federal cedeu à pressão dos madeireiros. Em nome do que? De quem? Por que?
Todos os dias, centenas de árvores da floresta amazônica são retiradas na cara do Ibama e do governo federal. Cerca de 90% do desmatamento nesta região é ilegal. Agora, quando o Greenpeace resolve fazer, dentro da lei, a retirada de uma única árvore com a finalidade educativa de instruir a sociedade sobre a destruição da Amazônia, floresta importante para a humanidade, além de sofrer ameaças, ainda assiste a revogação de um direito que possuía legalmente, para a alegria dos madeireiros.
Falando em alegria, neste momento a tora da castanheira está em poder dos madeireiros em plena praça pública, onde exigem de dois ativistas um pedido de perdão. Perdão por que? O que o Greenpeace fez errado?
Agir de forma ilegal é muito mais fácil neste país. Agir dentro da lei que é complicado. Alguma coisa está fora da ordem. Onde vamos parar?
Save the planet!

5.10.07

enquanto a fiscalização não vem a mata se vai

Foto da RDS, tirada pelo Zeca
Fiz uma matéria para O Eco sobre a falta de fiscalização na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no Amazonas. Assim como acontece em outras unidades de conservação, familias endinheiradas e políticos entram lá de preferência em feriados prolongados e praticam a chamada caça esportiva. A prática é, óbvio, completamente ilegal.
O Ipaam, órgão responsável pela fiscalização, nunca autuou ninguém. Isso acontece há 30 anos e ainda não deu tempo de pegar ninguém em flagrante, olha só que coisa. Mais 30 anos de atraso e a Amazônia vira savana.
O Ipaam tem 9 pessoas (!!!!!!!!!!) para fiscalizar 62 cidades do Estado do Amazonas inteiro.
Enquanto isso, o Lula viaja o mundo, investe em usina nuclear, o Renan é absolvido, os ministros do STF passam receber 25 mil reais de salário...
QUE VERGONHAAAAA!!!!!!
Bom...
Eis a matéria, meus caros.
Save the planet!

pequim está em cuiabá ou cuiabá está em pequim?


Em Cuiabá (MT), o ar é seco, raspa na garganta. O calor te possui aos poucos, você não acha que está derretendo porque a umidade do ar é ínfima. Por isso, não vê sinal de suor. Estufa. Estufa sufocante. Sede. Olha, leitor, é uma luta. E nem te conto que grande parte da resposta para este fato está nos desmatamentos que já queimaram boa parte do Mato Grosso.

Andreia Fanzeres, repórter do site O Eco e autora da foto aí de cima, descreve como é respirar em Cuiabá.
"Há pelo menos duas semanas não faz sol em Cuiabá, onde a fumaça das queimadas esconde o céu, os prédios da cidade, deixa olhos ardidos e cabelos fedorentos. A umidade do ar extremamente baixa, que beirou os 12% no início de setembro, o calorão de quase 40 graus e a ausência de chuvas continuam sendo perigosos elementos que a qualquer momento podem criar novos focos de incêndio". **
A gente fala, fala, fala da China, mas uma parte bem parecida da poluída e caótica Pequim está aqui, no país tropical abençoado por Deus, bonito por natureza e...
detonado por homens. Parabéns aos assassinos de nosso o2.
Save the planet!