15.3.06

quando a curiosidade não mata


Joana passou 26 anos de sua vida comendo carne até que se reencontrou com alguns amigos, que chamaram sua atenção para a crueldade com que muitas indústrias alimentícias vêm tratando o mundo animal.

- você sabia que cortam os bicos das galinhas sem anestesia para que elas não fiquem se bicando? Elas ficam amontoadas umas sobre as outras em espaços minúsculos, se estressam e por isso se bicam! – comentou Fábio, sem perceber a cara de espanto da amiga.

Desde essa conversa, em uma lanchonete da Vila Madalena, Joana começou a refletir. Entrou na internet. Precisava saber mais sobre o assunto. "Não é possível que seja tudo isso, o Fábio está exagerando".

Entrou no Google e encontrou algumas matérias. Ficou sabendo que não era boato a história da carne de vitela (separam o bezerro da mãe, deixam ele prezo e o matam pouco tempo depois do nascimento, tudo para que sua carne seja macia). A sensação de mal estar piorava.

Em seguida, leu que a marca de roupas norte-americana chamada GAP usava couro de animais contrabandeados da Índia – como lá é proibido transportar bovinos por questões religiosas, os criminosos o faziam na calada da noite, sem o risco de serem pegos pela fiscalização. Quando amanhecia, obrigavam os bichos a caminhar quilômetros sem água e comida, o que resultava na morte da maioria das vacas. Joana lembrou que tinha roupas da GAP.


Resolveu parar e tomar uma água, estava começando a ficar com tontura. Para a consciência não pesar, decidiu ler só mais um texto – estava chocada demais para continuar uma pesquisa minuciosa. Se deparou com a seguinte explicação sobre os animais de abate, no site da revista Vida Simples: "seus instintos naturais são desconsiderados. Isso sem contar os males que passaram a nos ameaçar (a doença da vaca-louca, a salmonella ou a contaminação por E. coli), os resíduos de remédios que ingerimos ao comer essas carnes e as conseqüências ambientais, da qual o desmatamento para a abertura de pastos é a mais evidente". Imediatamente se lembrou da destruição da Amazônia para a criação de enormes pastos para o gado.

A tontura voltou a incomodar. A frase da revista foi o suficiente para Joana decidir parar de comer carne. A vontade dela será reforçada com mais pesquisas na internet - claro, quando o mal-estar passar.

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Save the planet!

12.3.06

frases de uma semana

Uacari-branco, Amazônia

Uma semana é tempo pequeno demais para quem quer se manter informado sobre o que anda acontecendo com o meio ambiente. Porém, a julgar pelas notícias que vimos entre os dias 2 e 8 de março, é bem capaz de concluirmos que não estamos tão desinformados assim. Ou estamos?
Qual terá sido a primeira reação que algumas pessoas tiveram ao ler essas notícias?

dia 2 de março, folha online
"Um asteróide de 500 metros de comprimento e um bilhão de toneladas poderia colidir com a Terra no início do próximo século, causando uma destruição maciça no planeta, declarou nesta quinta-feira um especialista da Nasa"
"Será que esta notícia não é fictícia?" - Adriana Affonso, 35, contadora

"A Antártida perdeu uma parte considerável de sua camada de gelo e as secas aumentaram na África devido ao aquecimento global (...). Pelo mesmo motivo, a quantidade de gelo jogado pelas geleiras da Groenlândia sobre o oceano Atlântico duplicou nos últimos anos"
“Aff. Como último recurso, acho que o ser humano tem é que nascer no meio da natureza” – Tadeu Santos, 34, programador

dia 3, o globo
"A temporada de furacões de 2006 será igual ou pior que a de 2005, alertou nesta quinta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o órgão, além do aumento dos desastres naturais relacionados com o clima, há muitas pessoas vulneráveis devido aos acontecimentos do ano anterior"
“Isso é resultado do descanso com as questões ambientais. Azar dos Estados Unidos. É por aí mesmo, o recado da natureza. Se as pessoas não se mexem pelo amor, vão se mexer pela dor” – Paula Medeiros de Castro, 26, filósofa


estadão
"Bebês humanos de 18 meses oferecem ajuda espontaneamente e chimpanzés revelam uma disposição semelhante, ainda que em tarefas menos complexas, mostra um estudo sobre comportamento altruísta publicado na revista Science. (...) O comportamento de esforçar-se para ajudar outros, sem esperar recompensa, é conhecido como altruísmo. Até hoje, só há casos comprovados de altruísmo entre seres humanos. Mas será realmente exclusivo?
(...) O altruísmo dos chimpanzés parece sugerir que nosso ancestral comum já tinha uma forma rudimentar do comportamento antes que as linhagens se separassem, seis milhões de anos atrás"
"É óbvio que o ser humano tem uma ligação muito forte com o primata" - Peter Kutuchian, 44, publisher.

bbc brasil
"O grupo de defesa do meio ambiente, Greenpeace, bloqueou a saída de um carregamento que saía do Chile com destino ao Uruguai (...). Os ativistas pintaram ´Não às fabricas de pasta de celulose´no casco do navio."
"Que maravilha... essas manifestações são muito importantes" – Thiago Santoro, 22, terapeuta alimentar

dia 5, estadão
"Pela segunda vez nos últimos dois anos, o bosque e zoológico municipal "Fábio Barreto´, de Ribeirão Preto, consegue a reprodução em cativeiro do Mico-Leão-da-Cara-Dourada. (...) A primeira reprodução em cativeiro da rara espécie, que figura na lista de animais passíveis de extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ocorreu no final de 2004"

"A reprodução de espécies ameaçadas em cativeiro é uma ferramenta importantíssima para a conservação. O sucesso reprodutivo em zoológicos é um sinal de que os animais estão bem adaptados à vida em um ambiente onde existe visitação, alimentação controlada etc. Os exemplares nascidos em cativeiro podem ser utilizados em programas de reprodução, sendo permutados com outras instituições ou mesmo utilizados em programas de reintrodução" – Luís Fábio Silveira, 33, professor do departamento de Zoologia da USP.

dia 6, estadão
"A Procuradoria Geral do Estado do Rio entrou nesta segunda, 6, com uma ação civil pública para que a mineradora Rio Pomba Cataguases Ltda, de Minas Gerais, faça obras de contenção no reservatório que se rompeu há cinco dias, despejando 400 milhões de litros de argila com óxido de ferro e sulfato de alumínio no rio Muriaé, afluente do Paraíba do Sul, de onde provêm a maior parte da água fornecida para os fluminenses. Os resíduos, provenientes da lavagem de bauxita, já afetaram o abastecimento de dois municípios do Rio: Laje do Muriaé e Itaperuna, no noroeste do Estado"
“O que mais pode ser feito para que essa situação não se agrave? Essa mineradora tem que pagar por isso” – Fernanda Muniz Santiago, 25, veterinária

dia 7, folha online
"O inverno deste ano na Rússia foi um dos mais frios das últimas décadas, com temperaturas de até 61ºC negativos no extremo oriente do país"

"O tempo está maluco no mundo inteiro..." – Márcia Becker, 26, assessora de imprensa

"Um terremoto de 6,2 graus na escala Richter foi registrado nesta terça-feira perto da ilha de Vanuatu, no Pacífico Sul (...). Não há informações sobre danos, mas especialistas alertaram para a possibilidade de formação de um tsunami por causa do sismo, cujo epicentro foi localizado a 159,5 quilômetros de profundidade"
“Se houvesse mesmo tsunami e se eu estivesse por lá, creio que realmente gostaria de ver o fenômeno. Poderia ser da árvore, da montanha, enfim, de um lugar seguro para que eu pudesse enxergar ao vivo o que o mundo inteiro viria pela televisão” – Fabio Faquim, 31, gerente de merchandising

o globo
"Internacionalmente apreciada por seus sabores exóticos e por seus conhecidos benefícios para a saúde, a culinária japonesa recebeu um forte golpe nos Estados Unidos. Pesquisa realizada pelo Projeto de Restauração Tartaruga Marinha e divulgada nesta segunda-feira, detectou altos níveis de mercúrio nas peças de atum servidas pelos principais restaurantes japoneses de Los Angeles"
“É...o homem está deixando de ter atitudes saudáveis com seu planeta, em suas acões e pensamentos. Logo, todo o resto deixará de ser saudável também. Já está deixando” – Fabiana Fernandes, 26, consultora de vendas

dia 8, o eco
"Se Lula foi para a Inglaterra achando que ia ser um reino de maravilhas, se deu mal. Enquanto passeava de carruagem pelas ruas de Londres, ao olhar pela janela, se deparou com protestos do Greenpeace contra o desmatamento da Amazônia"
“A Inglaterra é um país de primeiro mundo” – Daniel Cukier, 26, consultor e empresário na área de tecnologia


Que essas notícias e reações causem mais reflexões em você!
Save the planet!

1.3.06

conama condena áreas protegidas


O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou, na semana passada, a resolução que autoriza a intervenção ou a supressão da vegetação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), em nome de termos como “utilidade pública” e “desenvolvimento social” (como se desenvolver fosse sinônimo de destruir). E por antigas (mal) protegidas APPs entendam-se dunas, lagos, encostas, nascentes, mangues, restingas, margens de rio, topos de morro.

Qualquer sujeito que queira construir não sei o quê sobre um mangue, por exemplo, vai ter permissão legal para isso desde que sua construção seja feita em nome do benefício social, como obras de transporte, energia, mineração (!!!) e saneamento. Já pensou ter uma avenida atravessando as dunas da praia da Joaquina, em Florianópolis? Pois é, agora isso pode acontecer.

Além desta resolução já ser um enorme problema por si só, ela ainda acarreta muitos outros, como a imensa fragilidade da lei, coisa que passa longe de ser novidade no Brasil. As chamadas “brechas” podem autorizar destruições a passos largos. Afinal de contas, muitas coisas podem ser entendidas como sendo de “baixo impacto”, “interesse social” ou “utilidade pública”, entre outros termos abrangentes apontados pelo Conama.

Preparemo-nos, portanto, para grandes desequilíbrios de ecossistemas, perda em qualidade de vida e inclusive de receita gerada pelo turismo às populações das cidades cujas áreas verdes desaparecerem ou forem modificadas e exploradas.

Nas palavras de Marcos Sá Corrêa, em sua coluna no site O Eco, “o remendo do Conama veio, como sempre, em nome das prioridades sociais. Mas também atende às urgências eleitorais de administrações populistas, resolve o problema das mineradoras que se aboletaram onde não deveriam e abre brechas para quem daqui para a frente quiser desmatar legalmente uma APP. Ou seja, tornou flexível o que era excessivamente frouxo”.

Há muita destruição a caminho, podem estar certos.
Tudo pelo social.
Save the Planet!

aves às margens de rios sem oxigênio

Olá a todos!
Fica aí o convite para a leitura da matéria “Resistência Alada”, que fiz para o site O Eco. A reportagem é sobre as aves que sobrevivem às margens dos rios Pinheiros e Tietê, em São Paulo.

A garça-branca-grande da foto é literalmente um belo exemplo.
Boa leitura!
Save the Planet!